Para CEO da Datora, ofertas para MVNOs das grandes teles são “mais do mesmo’

Tomas Fuchs, CEO da Datora, diz que MVNOs têm potencial para deter 7% de market share no Brasil. Mas dependem de mais medidas pró-competição.
Tomas Fuchs, CEO da Datora (Foto: Divulgação)
Tomas Fuchs, CEO da Datora (Foto: Divulgação)

Em entrevista ao Tele.Síntese, o CEO da Datora, Tomas Fuchs, afirmou que as ofertas públicas para MVNOs apresentadas pelas grandes operadoras TIM, Vivo e Claro, não inovaram a ponto de facilitar a entrada de novos competidores no segmento.

“A gente pode ter avanço do MVNO dentro dos ISPs. Eles tem condições de ganhar market share na base móvel. Sobre a oferta de roaming [que as compradoras da Oi Móvel precisam fazer], ainda não analisamos. Mas as ofertas de MVNO são mais do mesmo, e tinham que ser mais agressivas. A nossa expectativa é que venha algo mais pró-competição, já que o presidente da Anatel tem falado em incentivar as condições para surgimento de um quarto player”, falou. As ofertas todas saíram no dia 19 de abril.

Segundo Fuchs, a Datora aguarda a publicação das ofertas de roaming, uma vez que possuía contrato com a Oi Móvel. A partir da divulgação dos preços e condições das grandes, poderá estender os próprios serviços de roaming em MVNO a outros interessados.

Fuchs conta também que nos próximos meses haverá renegociação de contratos de atacado entre Datora, TIM, Vivo e Claro, uma vez que estas empresas repartiram entre si a Oi Móvel. A Datora fornecia transporte de chamadas internacionais para a Oi Móvel. Estes contratos agora serão reorganizados entre as compradoras, o que pode gerar reflexos de curto prazo nas receitas do segmento, como aconteceu no primeiro trimestre.

“A gente já tem acordo com todas as operadoras, mas essa mudança de tráfego demora a ser reorganizada”, afirmou. Prevendo que nos próximos meses o tráfego internacional vá se recuperar.

Frentes de crescimento

Enquanto aguarda por definições regulatórias que podem impactar o negócio, a Datora segue focada na expansão dos segmentos de VoIP, IoT e MVNOs. E projeta uma transição no médio prazo.

A empresa, de 29 anos, surgiu com a oferta VoIP, que ainda é o carro chefe do faturamento. Mas no meio da década passada passou a trabalhar com IoT sob a marca Arqia, e mais recentemente, colocou as fichas também no mercado móvel virtual, com a proposta de ser uma habilitadora de operadoras móveis credenciadas.

Em siglas comuns do mercado, a proposta da Datora é ser uma CPaaS (communications platform as a service) e uma MVNE (mobile virtual network enabler), além de ofertar VoIP no atacado. Em ambos os segmento a empresa vem ganhando clientes e crescendo, como demonstram os números recentes de 2021 e do começo de 2022, afetados pelo cenários macro econômico inflacionário e de aumento de custos.

“Atualmente o mercado de MVNOs tem 1% de market share no celular, e estimamos que tem potencial para chegar a 7%”, falou.

A Datora é MVNO ela própria, autorizada a utilizar a rede da TIM. Seus clientes no segmento trabalham como credenciados, e podem revender planos pré-pagos e pós-pagos – um diferencial em relação a rivais do mercado, que oferecem apenas pré-pago. Em sua carteira, a empresa fornece o serviços de MVNE para 17 credenciadas, das quais 7 estão em operação. As demais têm previsão para serem ativadas nos próximos meses.

O foco neste segmento são ISPs e empresas varejistas cujos negócios podem ser complementados por ofertas celulares. Por exemplo, diz, redes de lojas e bancos.

Transição

Segundo Fuchs, a transição de empresa de VoiP para CPaaS ainda vai levar alguns anos para ser concluída. Neste período, as receitas com IoT e MVNOs devem passar as do VoIP. Mas não porque haverá queda no uso das chamadas de voz, e sim por conta do crescimento das outras frentes.

“Nos últimos anos temos visto crescimento em IoT e MVNOs. Investimos muito nisso e estamos colhendo o resultado. O VoIP não vai perder relevância. É muito importante para geração de nossa receita ainda. Mas não esperamos o mesmo crescimento que esperamos em IoT e MVNOs. Com isso, IoT e MVNO devem representar metade da receitas nos próximos dois a três anos”, falou.

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Rafael Bucco

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