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Banda larga

Vilarejos mexicanos conectados à internet com WiFi Comunitário

Em pequenos vilarejos do México a conexão à internet de uma hora é vendida pela Viasat por 12 pesos, ou R$ 2,40
Vila de Cacalutan, no México, com conexão WiFi

Guadalajara, México – Escondidos em meio às montanhas de Nayarit, no Norte do México, a cerca de 180 KM de Guadalajara, encontram-se pequenos vilarejos, com 100, 300 até 450 habitantes, muito parecidos com os pequenos distritos brasileiros espalhados pelo nosso vasto território.

Neles, a maioria de seus habitantes tem em mãos um aparelho de celular que só funciona, no entanto, quando seu dono precisa se deslocar para as cidades mais próximas para pagar contas ou comprar seus mantimentos.

Pois são em localidades desse tipo que a norte-americana Viasat resolveu levar seus serviços de acesso à internet, com o apoio das comunicações via satélite. No México, a operadora está prestando o serviço com os seus dois próprios satélites – o Viasat 2 ficou operacional este ano – e no Brasil, a empresa fechou parceria com a Telebras.

Parceria essa que ainda enfrenta vários questionamentos. Depois de meses paralisada pela justiça e liberada pela presidente do STF, nesta semana foi a vez do Tribunal de Contas da União (TCU), paralisar o acordo, à espera de mais explicações. Paralisação essa que pegou a operadora norte-americana de surpresa, pois já se preparava para fechar acordo com o parceiro local que iria desbravar o interior do Brasil para a instalação das antenas de WiFi; para abrir o seu principal escritório e para iniciar as contratações de pelo menos 40 pessoas.

O contrato firmado com a Telebras estabelece prioridade para a instalação dos pontos do Gesac, nas escolas, nos 4  mil pontos já existentes e nos postos de saúde do país, explica a empresa. E o governo e a Telebras davam início às primeiras instalações (em Roraima e no Piauí), quando o TCU barrou a iniciativa. Para o TCU, a rápida capacidade de instalação – pelo menos 200 pontos por dia – foi uma das razões para a paralisação do projeto.

Entre os questionamentos, o tribunal quer saber da Telebras e do MCTIC porque esse programa – que era atendido pelas três concessionárias locais- foi transferido para a Telebras sem licitação; porque a escolha de uma única tecnologia – a banda Ka satelital, exclusivamente oferecida pela estatal- e qual a legalidade para incluir o programa Internet para Todos, que vai atender o usuário final, também sob o guarda-chuva da estatal.

Mas é a oferta de conexão aos usuários desconectados que está calcado o modelo de negócios da Viasat com a Telebras, que iria aproveitar a instalação das antenas de satélite Vsat que serão colocadas nos pontos Gesac.

WiFi

E justamente para mostrar o seu programa de Wifi Comunitário no México é que empresa levou um grupo de jornalistas brasileiros a alguns desses vilarejos esta semana. Em cada uma dessas pequenas localidades, a Viasat escolhe um representante local – geralmente o dono de uma vendinha ou um líder comunitário para ser o vendedor da conexão. Nessa pequena loja, instala a antena de WiFi e, se necessário, a antena de Vsat, e fornece o computador com o programa de acesso ao seu serviço para aquele que passa a ser o seu representante comunitário.

Com um sistema de cartela, esse representante passa a vender a conexão, que pode variar de modelo, conforme o perfil da comunidade. Nas três vilas visitadas, cujas antena foram instaladas este mês, a oferta de serviços se divide em venda de acesso por hora (a mais procurada) ou venda de dados.

O pacote de venda por hora custa 12 pesos mexicanos, que tem validade de um mês e velocidade de 100 Mb. Convertido ao valor de R$ 0,20 por peso mexicano, cada hora de acesso a internet custaria R$ 2,40. Mas há também a venda por dados de 200 Mb, a 32 pesos mexicanos ( R$ 6,40); de 450 Mb ( R$ 13,00) ou de 1Gb, a 130 pesos ou R$ 26,00.

Na vila de Cacalutan com 450 habitantes, Ester Garcia Lopes ainda não completou o primeiro mês com o serviço, mas já vende, em média, 64 planos de uma hora por dia. Acesso às redes sociais é a aplicação preferida desses usuários.

Mas Maribele Cardenas, de Los Saules, vila ainda menor, com apenas 150 moradores, conta que vende o dobro de acessos por hora nos finais de semana, porque são nesses dias que os parentes que cruzaram a fronteira para os Estados Unidos podem receber as ligações de vídeo-chamada. “ Ver os parentes que estão fora e falar com eles é uma alegria para todos”, comentou ela. Aproximar os que partiram também passou a ser o mais importante valor para os habitantes de Los Mezquites a partir da instalação das antenas d Viasat.

Segundo Kevin Cohen, gerente geral de WiFi Comunitário da Viasat na América Latina, até agora, a empresa já levou conexão a 1,2 mil comunidades iguais a essa e até o final do ano serão 3 mil vilas mexicanas conectadas.

A jornalista viajou a convite da Viasat

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