Viasat reprova a inclusão de serviços terrestres na faixa de 27 GHz

Sindisat, por sua vez, reivindica que as operações dos serviços terrestres sejam indoor, o que protegeria o FSS ( ou o serviço fixo por satélite)contra interferência agregada do IMT (tecnologia terrestre móvel).
Crédito: Freepik
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A Viasat se mostrou contrária a inclusão de serviços terrestres na faixa de 27,5 GHz a 27,9 GHz mesmo em caráter secundário em relação aos serviços de satélite, que já ocupam a frequência. Segundo a companhia, os parâmetros usados na análise de interferência nas operações de satélite não consideram, com a devida precisão, a tecnologia satelital ora existente e em projeto para servir o Brasil futuramente.

“As operadoras de satélite precisam ser capazes de expandir os serviços de banda larga fixa e móvel via satélite para atender às exigências de conectividade dos brasileiros. Esses requisitos estão mudando constantemente, conforme demonstrado pela expansão significativa dos serviços prestados pela Viasat e pela Telebras no Brasil apenas nos últimos anos”, sustenta a operadora, em sua contribuição à consulta pública nº 11, que propõe condições de uso da faixa para aplicações do 5G, destinadas à Indústria 4.O. E recomenda que seja assegurada a exclusividade do FSS na faixa de 27,5-27,9 GHz.

A empresa aponta a existência de dois fatores críticos que não foram considerados quando dos estudos no contexto da consulta pública. O primeiro, é a hipótese levantada pela Anatel de um ganho real da antena de satélite que, segundo a empresa, atualmente é inferior para os satélites atuais aos projetados pela agência. O segundo fator são as temperaturas de ruído do sistema de recepção de satélite. “Um dos problemas mais sérios é o valor muito baixo de ganho da antena de satélite usado na análise – apenas 46,6 dBi.”, sustenta a companhia.

A Viasat chama a atenção da Anatel para o fato de que os projetos de satélites atuais têm 61 dBi de ganho de antena, sendo que os projetos das próximas gerações usam ganhos ainda maiores. “O ganho de recepção da antena de satélite considerado nesta Consulta Pública é no mínimo 14,4 dB menor do que os projetos de satélite VHTS e UHTS atuais. Em outras palavras, subestima-se significativamente o impacto da interferência da rede terrestre”, observa.

Além disso, e relacionando-se intimamente ao ganho da antena, está a temperatura de ruído do sistema de recepção de satélite. “De forma inesperada, o valor da temperatura de ruído do sistema não está listado na Tabela 2 da consulta pública n.º 11/2021. Ocorre que a temperatura de ruído do sistema é uma característica chave da cadeia de recepção e, portanto, necessária para avaliação”, afirma a empresa.

Sindisat

O Sindisat, que representa as operadoras de satélite, por sua vez, aponta que a frequência de 27,5-27,9 GHz está atribuída ao Serviço Fixo por Satélite em caráter primário e há diversos satélites geoestacionários e sistemas não-geoestacionários com direitos de exploração para operar no Brasil em banda Ka. Assim, entende que a Anatel deve assegurar a utilização continuada das estações terrenas que operam em 27,5-27,9 GHz e o seu futuro desenvolvimento.

Para a entidade, a operação de redes terrestres privativas, que normalmente ocorre em ambientes geograficamente limitados, não exige níveis de potência mais altos. Portanto, além de defender parâmetros diferentes dos propostos pela agência (para Terminal de acesso fixo sem fio: TRP máximo de 22 dBm e EIRP máximo de 39 dBm e para terminal móvel de veículo, móvel portátil e não portátil de alta potência: TRP máximo de 22 dBm e EIRP máximo de 33 dBm), reivindica que as operações dos serviços terrestres sejam indoor, o que protegeria o FSS contra interferência agregada do IMT.

A consulta pública nº11 foi encerrada na noite de segunda-feira, 23, com poucas contribuições.

 

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Lúcia Berbert

Lúcia Berbert, com mais de 30 anos de experiência no jornalismo, é repórter do TeleSíntese. Ama cachorros.

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