Venda da Infraco aos fundos do BTG prevê reestruturação da dívida da Oi com a Globenet

Além disso, Oi poderá lançar mão de empréstimo intercompany para antecipar R$ 1,5 bi em créditos para expansão da rede óptica, enquanto o negócio não for selado.
Camille Loyo de Faria, CFO da Oi (Foto: Divulgação)

A diretora financeira da Oi, Camille Faria, explicou hoje, 13, como a eventual venda do controle da Infraco para fundos do banco BTG ajudará a reestruturar uma dívida bilionária com a Globenet, empresa de atacado internacional do BTG e que será integrada à Infraco.

Conforme a executiva, a Oi deve R$ 3,74 bilhões à Globenet. Dessa dívida, R$ 1,32 bilhão será pago em 2022, e R$ 2,42 bilhão em 2023.

A proposta vinculante feita pelo BTG prevê que a Globenet pague à Oi, 90 dias após a conclusão do negócio, R$ 2,76 bilhões. Em dezembro de 2022, pagará mais R$ 1,32 bilhão. E em dezembro de 2023, outros R$ 2,42 bilhões. Ou seja, a transação dará a liquidez necessária para a Oi arcar com a dívida junto à Globenet.

A Oi, por sua vez, pagará o total de R$ 3,74 bilhões à Globenet. Esse montante corresponde a contratos passados e futuros até 2024.

Depois, a Infraco passa a pagar anualmente valores à Globenet. Serão US$ 252 milhões em 2025, US$ 274 milhões em 2026, US$ 257 milhões em 2027 e US$ 278 milhões em 2028. Em 2028 termina o contrato de uso de capacidade “take-or-pay” (em que a empresa tem de pagar mesmo sem utilizar) da Oi com a Globenet.

As operações, embora independentes, foram planejadas para acontecerem de forma coincidente, garantindo a correspondência do fluxo de caixa da Oi e da Globenet. “Bom lembrar que essa opção só existe, só é válida, caso o BTG seja o vencedor do processo competitivo e a transação chegue a termo”, enfatizou Faria.

Crédito adicional

A operação de venda da Infraco para os fundos do BTG e Globenet lança mão também de um mecanismo de crédito que pode fazer a Oi ter acesso a R$ 1,5 bilhão antes do fechamento do negócio. Esse valor, por enquanto, não foi acessado. Poderá ser para financiar a expansão da rede óptica enquanto a venda não é selada na Justiça e autorizada pelos reguladores.

Para usar esse capital, a operadora pode recorrer a um empréstimo “intercompany”. Esse tipo de empréstimo é firmado entre as empresas do próprio grupo. No caso, a credora seria a Telemar.

O montante já está previsto no pagamento total que o BTG terá de fazer à Oi para ficar com 51% do capital da Infraco. Se a Oi recorrer ao crédito intercompany, a parcela primária de R$ 3,27 bilhões que o BTG teria de pagar será reduzida a R$ 1,77 bilhão, enquanto a parcela secundária aumentaria de R$ 3,51 bilhões para R$ 8 bilhões. Esse mecanismo pode ser acionado se a Oi solicitar.

De qualquer forma, ao final da transação, o BTG teria de desembolsar R$ 9,78 bilhões pelo controle da Infraco. Ao todo, o negócio prevê pagamento de R$ 12,9 bilhões à Oi, contanto a integração com a Globenet, que passa a fazer parte da Infraco.

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Rafael Bucco

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