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União Europeia traça plano para reduzir dependência em semicondutores

Bloco cria plano de digitalização até 2030 que prevê design e manufatura de chips nos países-membros. Assunto é questão de soberania, destacou a presidente da Comissão Europeia.

A União Europeia apresentou hoje, 15, um plano de uma década para se tornar um centro tecnológico e reduzir a dependência de cadeiras produtivas externas ao bloco. O objetivo é realizar projetos em que cada país do bloco coopera para o desenvolvimento do continente em um ramo de atividade.

A Comissão Europeia, responsável pelo desenvolvimento do plano, propôs investimentos em diversas áreas, entre as quais: infraestrutura de dados, processadores de baixo consumo energético, comunicações 5G, computação de alto desempenho, comunicação quântica segura, administração pública, blockchain, hubs de inovação digital e desenvolvimento de habilidades digitais da população.

Para implementar a Década Digital, a União Europeia planeja criar um novo organismo chamado Consórcio Europeu de Infraestrutura Digital.  Este terá prerrogativas inclusive jurídicas para facilitar a implementação de ações em diferentes países.

A comissária Margrethe Vestager, responsável por diferentes processos antitruste contra gigantes digitais não-europeias, afirmou em nota que o plano levará à completa transformação digital do bloco. “Nosso objetivo é criar um marco de governança baseado em um mecanismo de cooperação anual para atingirmos metas nas áreas de habilidades digitais, infraestrutura digital, digitalização de negócios e serviços públicos”, afirmou.

Já Thierry Breton, comissário europeu para o mercado interno, disse que o plano reflete a busca por soberania tecnológica da União Europeia. “Temos de garantir que a Europa não esteja em posição de grande dependência nos próximos anos. Caso contrário, continuaremos expostos aos altos e baixos do mundo e não conseguiremos crescer economicamente nem criar empregos. Acredito em um futuro no qual a Europa lidera os mercados, e não em um no qual seremos meros compradores”, disse.

Por trás de todo esse discurso está, evidentemente, a disputa geopolítica entre Estados Unidos e China. Com o plano, a Europa se coloca como alternativa aos polos e pretende buscar sua independência tecnológica a fim de reduzir a exposição a problemas que possam surgir do embate entre as potências que atualmente concentrem quase toda a tecnologia de semicondutores do globo.

Lei dos Chips

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, deixou claro o objetivo de tornar a Europa independente dos chips feitos fora do bloco. Segundo ela, o desenvolvimento digital é prioritário, e a capacidade de produzir chips, parte fundamental da estratégia.

“Linhas de produção estão trabalhando em velocidade reduzida por causa da escassez de semicondutores. Mas, enquanto a demanda global explodiu, a parcela da Europa na cadeia de valor, do design à produção, encolheu. Dependemos de chips de ponta feitos na Ásia. Então não é questão de competitividade, mas de soberania tecnológica. Então vamos focar nisso”, avisou.

Para tanto, a Comissão Europeia vai propor uma legislação para estrutura um ecossistema de fabricação de chips a fim de garantir o suprimento e abrir novos mercados para empresas do bloco.

Movimentos similares, de investimento em produção interna de semicondutores são vistos na Coreia do Sul e nos Estados Unidos. No Brasil, o governo federal tenta liquidar a Ceitec, fabricante estatal de chips.

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