Trabalhadores dos Correios anunciam greve para o dia 18

Entrega de remédios seguirá normalmente. Estatal afirma que vai economizar R$ 600 mi com a limitação de benefícios e vai acionar plano para a continuidade dos serviços.

Os milhares de trabalhadores dos Correios estão convidados em todo o país pelas entidades da categoria a aderir à deflagração de greve nacional a partir das 0h do dia 18 de agosto. É um protesto contra o que consideram retirada de 70 direitos do atual acordo coletivo, com vigência de dois anos (até 2021), a exemplo de 30% do adicional de risco, redução da participação da empresa no plano de saúde, licença-maternidade de 180 dias e auxílio-creche para crianças até 7 anos. A direção da empresa afirma que busca o reequilíbrio financeiro da estatal, que está nos planos de privatização do governo.

Com o movimento, deverão ser afetados principalmente os consumidores e as empresas relacionados com entregas de produtos considerados não essenciais para o combate da pandemia. Ao Tele.Síntese, o sindicalista Heitor Fernandes, da executiva da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), afirmou que há o compromisso da categoria com o combate ao novo coronavírus. “Nós nos comprometemos a fazer a entrega de medicamentos e insumos hospitalares, mesmo durante a greve”, disse, apontando que  há caso de mortes de trabalhadores por causa da doença e casos de corrupção em agências franqueadas.

A greve foi anunciada pela Fentect, que em parceria com 36 sindicatos realizarão assembleias no dia 17 de agosto para aprovar o início da paralisação. “Hoje a categoria não tem mais 130 mil trabalhadores como antes. Hoje devemos estar em 93 mil trabalhadores, porque, desde 2011, não há concurso público, muitos se aposentaram, muitos saíram por conta dos planos de demissão incentivada que, na verdade, não têm incentivo nenhum, e muitos morreram, principalmente agora no momento da pandemia”, prosseguiu Fernandes.

A categoria também discorda da privatização da empresa, prioridade do presidente Jair Bolsonaro. “A partir dessa meta, o governo vem promovendo o sucateamento e fechamento das agências, promovendo demissões para facilitar a privatização”, alega a Federação.

Só os benefícios da CLT

Em nota recente, a assessoria dos Correios informou que a economia prevista com o ajuste dos benefícios hoje concedidos fora do que está estipulado na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) será de mais de R$ 600 milhões ao ano. “Assim como os demais pontos constantes na proposta da empresa, ações como as citadas compõem o rol de medidas da Administração dos Correios em prol da sustentabilidade da estatal”, sustentou.

A empresa ressalta que já possui um plano de contingência formulado para garantir a continuidade de suas atividades caso a greve aconteça, sobretudo nesse momento em que os serviços da empresa são ainda mais essenciais para pessoas físicas e jurídicas.

“A empresa reafirma que é dever de todos, empregados e dirigentes, prezar pela manutenção das finanças dos Correios e, consequentemente, dos empregos dos trabalhadores. Portanto, a instituição, certa do compromisso e da responsabilidade de seus empregados com a população e o país, espera que a adesão a uma possível paralisação, se houver, seja ínfima e incapaz de prejudicar o serviço postal e os brasileiros”, espera a estatal.

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Abnor Gondim

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