Tindin quer ampliar presença no mercado B2B

A plataforma de educação financeira infanto-juvenil, que cresceu 20 vezes no ano passado, que ampliar sua participação no mercado B2B, iniciada com a parceria com o grupo Somos Educação em 2020.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) acaba de divulgar o resultado da primeira chamada para o Programa de Aceleração Meu Bolso em Dia, lançado em dezembro de 2020, que pretende viabilizar e alavancar projetos de inovação em Educação Financeira com alto potencial de impacto social. Entre os 20 selecionados está a Edfintech Tindin, startup sediada em Maringá (PR), que registrou um crescimento de 20 vezes nos últimos 12 meses.

As expectativas são altas, uma vez que a Tindin já possui um histórico de destaques em competições como essa: em 2019, foi escolhida para receber investimentos no programa Shark Tank Brasil; em 2020 venceu o Pitch Day promovido pela Xpeed School XP Inc, foi uma das finalistas do reality show Rocket Startup da RPC/Globo e venceu a rodada brasileira da 11ª Open Innovation Contest, competição internacional promovida pela NTT DATA.

“Estamos bastante otimistas. Nosso Ambiente Virtual de Aprendizagem Gamificado instrumentaliza a participação de professores multidisciplinares, potencializando a transversalidade da educação financeira, exigida pela Base Nacional Comum Curricular, enquanto a carteira digital de mesada educativa envolve a família no processo educacional, unificando as experiências de aprendizados domiciliar e escolar.”, explica Eduardo Schroeder, fundador e CEO da Tindin.

Ampliando horizontes

Outra grande conquista da empresa, em 2020, foi a parceria firmada com o grupo Somos Educação, que promete alavancar a atuação da Tindin no modelo B2B2C. O grupo oferece soluções educacionais para milhares de escolas do país e conta com uma base de 1,5 milhões de alunos dos ensinos fundamental e médio.

[quote cite=’Eduardo Schroeder, fundador e CEO’]” O contrato firmado entre a Tindin e o grupo Somos dura até 2026 e tem potencial de gerar R$ 120 milhões por ano”[/quote]O início do projeto será com alunos do Ensino Fundamental, mas, no médio prazo, alunos do Ensino Médio também serão impactados por essa tecnologia digital, que une o melhor dos Métodos Ativos ao Ensino a Distância, gerando engajamento multidisciplinar por meio da gamificação da educação financeira. “Paralelamente, fechamos um projeto bem interessante de cunho social, com escolas públicas municipais de Jacareí (SP). Estamos iniciando um impacto em mais de mil alunos que vão ter educação gamificada ao longo de 2021”, relata Eduardo Schroeder.

A plataforma já é usada por cerca de 12 mil famílias, podendo ter impactado 24 mil ou mais usuários, dependendo do número de dependentes em cada unidade familiar. O contrato com as escolas se dá partir de anuidades e os estabelecimentos de ensino podem usar a plataforma para todas as disciplinas.

Pedido do filho foi o começo

Eduardo Schroeder conta que a ideia de fundar a Tindin partiu de um problema familiar, da necessidade de dar educação financeira para o filho. Começou com uma semanada para que o filho, ainda com três ano e meio, pudesse juntar moedas para adquirir novos brinquedos. Deu certo e aos sete anos o garoto chegou a comprar o seu primeiro tablet. Só que ele queria mais. Um dia pediu ao pai para ‘comprar’ o cartão de crédito dele, já que desejava adquirir um jogo online e o site não aceitava o seu ‘saco’ de moedas.

Eduardo Schroeder, fundador e CEO da Tindin

“Aquilo me acendeu uma ideia e, em 2018, tivemos um evento Startup Weekend em Maringá e saímos de lá vencedores. Fizemos toda uma validação com pais e educadores para avaliar o conceito, o modelo e tivemos uma aprovação altíssima, demonstrando que havia mercado para aquela ideia. Dois meses depois, eu e Fábio Rogério, estávamos inaugurando o nosso escritório e lançando o nosso MVP (Minimum Viable Product)”, lembra Eduardo. A startup começou com R$ 60 mil em recursos próprios, recebeu R$ 176 mil de Caíto Maia e, em 2020, a Tindin levantou R$1.012.000, em uma rodada de investimento Seed. 

Parte do capital levantado foi destinada à aquisição da escola de educação financeira e empreendedorismo WiseCash. A negociação incluiu propriedade intelectual da escola, bem como marca, conteúdos e site. A aquisição da WiseCash foi uma estratégia para a consolidação da Tindin também como produtora de conteúdos educativos e planos de aula transversais e gamificados. “Guardadas as devidas proporções, este foi um movimento muito parecido com o da Netflix, quando ainda era apenas uma plataforma de streaming e compreendeu a necessidade de produzir seus próprios conteúdos, antes que os estúdios se transformassem em plataforma. A Tindin continua sendo uma plataforma para produtores de conteúdos e educadores financeiros, porém, passa a produzir e distribuir seus próprios conteúdos e metodologias”, esclarece Schroeder.

Pandemia

Mesmo com o crescimento registrado em 2020, o CEO da Tindin se ressente também dos efeitos da pandemia do coronavírus. “Com as escolas fechadas, está aumentando a procura por soluções tecnológicas, mas elas estão enfrentando problemas com o cancelamento de matrículas e qualquer investimento, neste momento, é uma decisão difícil”, contabiliza.

O mercado B2C potencial da Tindin é formado por jovens entre 5 e 17 anos que, segundo dados do IBGE, movimentam cerca de R$40 bilhões todos os anos. Já o mercado B2B, para o qual a Tindin direciona seu modelo de negócio a partir deste ano, é formado por escolas de Ensino Fundamental e Médio, treinamentos corporativos e EAD, que, juntas, movimentam R$ 100 bilhões por ano. Apesar do cenário pouco promissor para a economia em 2021, a expectativa é de crescimento para a Tindin, tanto no B2C como no B2B.

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Cândida Bittencourt

Jornalista com experiência em jornais, rádios e TV do Brasil e exterior. Formada pela UNI-BH, tem MBA em gestão de marketing pela FGV e especialização em comunicação corporativa pela ESPM.

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