Vivo e TIM vão concluir termos de RAN sharing em 60 dias

As teles se debruçam sobre os termos do compartilhamento de 2G, 3G e 4G em cidades com menos de 30 mil habitantes. Presidente da Vivo anunciou também acordo com American Tower em MG e modelo de franquia para ISPs regionais.

O CEO da Vivo, Christian Gebara, afirmou hoje, 4, a analistas de mercado durante a conferência dos resultados do terceiro trimestre, que a companhia precisará de mais tempo que o previsto para concluir os detalhes do acordo de RAN sharing com a rival TIM.

As empresas anunciaram em julho a assinatura de memorando de entendimento para o compartilhamento de infraestrutura 2G em todo o Brasil. O acordo prevê também a partilha de infraestrutura para todas as demais tecnologias móveis em cidades com menos de 30 mil habitantes.

Na ocasião, as empresas comunicaram que seriam precisos 90 dias para detalhar a operação, inclusive à Anatel. Na conversa de hoje com os agentes do mercado financeiro, Gebara lembrou que já se passaram 60 dias, e será necessário mais. “O MoU aborda as redes 2G e todas as tecnologias nas cidades pequenas. Ainda temos algumas coisas para resolver, então decidimos adiar em 60 dias uma resolução final”, afirmou.

Segundo ele, a partilha no 2G está praticamente resolvida, mas ainda faltam pontos de ajustes no compartilhamento de todas as redes nas pequenas cidades. Os executivos da operadora esclarecem que o acordo é interessante e será levado a cabo. “Com o MoU, os custos serão mais baixos, especialmente nas cidades menores”, lembrou David Melcon, CFO da Vivo.

Parceria com a American Tower

Gebara anunciou hoje também a aposta em novos modelos de negócio que têm por objetivo melhorar o EBITDA (lucro antes de impostos, depreciações e amortizações). Um dos modelos aposta em parcerias no segmento de infraestrutura, com a contratação de empresas que atuam no segmento para levar o acesso em fibra a novas localidades, reduzindo a necessidade de Capex.

“Estamos sempre procurando alternativas para elevar o EBITDA. [Fechamos uma parceria com] a American Tower, em Minas Gerais, que vai construir a rede de fibra em 40 cidades. Esperamos conectar 800 mil homes passed em três anos”, afirmou. Homes passed é o termo usado no setor para se referir a casas aptas a assinar o serviço de banda larga FTTH.

Gebara ressalta, porém, que o maior impacto deste modelo não é em economia, mas em redução do Capex e velocidade de lançamento do serviço. “Não podemos falar em economia, pois teremos de pagar pelo custo de conexão à ATC. O bom é que conseguiremos implantar fibra mais rapidamente, usando os ativos que a American Tower possui em Minas Gerais. A Vivo conseguirá entregar mais fibra com um menor Capex, e nos dará time to market, que é o que procuramos”, disse.

Franquia e conteúdo

Outra estratégia para reduzir Capex, mas com potencial para cortar custos e ainda gerar receitas, é baseada na franquia. Pelo modelo, a Vivo vai emprestar a empresas sua marca na banda larga fixa (Vivo Fibra) para provedores regionais. O racional por trás dessa ideia é permitir que ISPs recebam o conhecimento da Vivo, usem a marca da operadora, beneficiando-se assim da escala da companhia.

Gebara falou ainda de mais um modelo de parceria que a Vivo pretende aprofundar, no segmento de distribuição de conteúdo. O executivo mencionou iniciativas em B2C, pelo qual a operadora distribui acesso a aplicativos, por exemplo. Neste caso, citou, a companhia já colhe resultados positivos com a revenda de serviços de música, gaming e educação. “Queremos ir além, pois isso nos permite aumentar a receita com serviços digitais e ajuda a fidelizar o cliente, controlando o churn”, falou.

No mercado corporativo, a estratégia de distribuição de conteúdo também acontece, com resultados semelhantes. O CEO da Telefônica Vivo citou ao menos dois grandes acordos, um com a Cisco, outro com a Microsoft, para a distribuição das soluções corporativas dessas companhias. “[No futuro] Teremos mais parcerias em infraestrutura e em distribuição de conteúdo”, destacou.

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Rafael Bucco

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