A TIM anunciou hoje, 16, sua entrada no universo de distribuição de conteúdo televisivo. A Tim Fiber, unidade da operadora responsável pela entrega de banda larga fixa por fibra, começou a vender nesta terça-feira o Blue Box, set-top box que se conecta ao televisor e é capaz de sintonizar canais abertos digitais, acessar o Youtube e o Netflix. O aparelho traz também o Self TV, aplicativo da TV Alphaville que permite a assinatura de três pacotes diferentes de canais pagos. Por enquanto, o Self TV será oferecido exclusivamente na Blue Box.
A caixinha tem dois modelos de comercialização. O primeiro prevê uma assinatura mensal de R$9,90. Apenas o usuário Live TIM poderá comprar o STB dessa forma. Poderá ver os canais abertos e acessar o YouTube gratuitamente. Também poderá assinar o Netflix e o Self TV, pagando uma assinatura adicional, com billing destas empresas. O Netflix custará R$ 19,90 no plano básico, preço padrão no Brasil após o reajuste ocorrido na última semana.
O segundo modelo de comercialização será a venda nas lojas da TIM, por R$ 599 a unidade. Neste caso, qualquer pessoa poderá comprar o aparelho. Mas, quem não for assinante Live TIM não terá acesso ao Self TV.
Rodrigo Abreu, CEO da operadora, participou do lançamento por vídeo. Ressaltou que a expansão da TIM Fiber é contínua, atualmente com 2 milhões de homes passed. Segundo ele, o produto se enquadra nas estratégias de investimento da TIM para os próximos três anos, quando a empresa vai gastar no país cerca de R$ 14 bilhões.
“É uma oportunidade para a TIM fazer novos parceiros e buscar novos modelos de negócio”, diz Rogério Takayanagi, CMO da TIM. O executivo comandava a TIM Fiber até o começo deste ano, quando voltou a ocupar o cargo de CMO da TIM.
O novo CEO da TIM Fiber, Flávio Lang, também espera que o produto acentue a mudança no modo como as pessoas estão consumindo vídeo. “Em 2012, o mercado de alta velocidade era 7% da banda larga fixa. Hoje, são 33%. O mercado estava concentrado em classes A e B. Ampliamos o atendimento em classe C”, comentou. Hoje, 59% das conexões Live TIM são casse C, 33% classe A e B; 7% classe D e E. 2012 foi o ano de lançamento da Live TIM.
Ele admite que houve mudanças e atrasos na estratégia de vendas da Blue Box. Um ano atrás a empresa cogitava vender o aparelho como uma alternativa ao Chromecast e Apple TV, com distribuição no varejo tradicional. “Decidimos focar, reduzir as alternativas para o lançamento”, explica.
A Blue Box lançada hoje já tem promessas de melhorias. Nas próximas semanas, o firmware será atualizado, permitindo que o aparelho recomende conteúdos da TV e do YouTube, de forma cruzada. Em breve, a TIM deve explorar outros territórios. “Estamos negociando uma parceria em cima de banda larga móvel, [para vender a Blue Box com acesso por rede celular], uma oferta corporativa e de VOD”, ressalta.
Self TV
Segundo Cristina Budeu, presidente da TV Alphaville, o aplicativo que vem embarcado no Blue Box vai dispensar call center. O usuário poderá migrar entre pacotes com diferentes quantidades de canais da TV, sempre que desejar, por meio de um sistema online. O usuário faz a própria gestão das assinaturas. “Ele poderá assinar o pacote básico em um mês, migrar para o pacote completo no mês seguinte, nas férias, por exemplo, e no outro voltar para o plano básico”, explica.
A TV Alphaville, com a parceria, procura aproveitar as alterações da Lei d SeAC, que passou a permitir o uso de redes de terceiros para a entrega de conteúdo. A empresa, que hoje tem redes na região de Barueri, na Grande São Paulo, passou a ter um mercado potencial igual ao número de assinantes da Live TIM. Takayanagi, da TIM, ressalta: “O hábito do usuário e a tecnologia viajam mais rápido que a legislação. Com esse produto chegamos no limite do que é permitido no sentido regulatório, mas achamos que vai ajudar a modernizar a regulação”.
“Vamos ser a quinta empresa de TV por assinatura em pouco tempo com a parceria”, promete Cristina. O catalisador será a Self TV, acredita. E para isso, a TV Alphaville desenvolveu um software com interface simples, administração pelo usuário das contas, e possibilidade de migração de pacotes a qualquer momento, sem necessidade de contato com um atendente. “Em três cliques ele consegue comprar pacotes e ter a gestão da assinatura”, diz.
Os pacotes são de R$ 29,90, R$ 69,90 e R$ 89,90. Nenhum traz canais HBO ou Globosat. “A G2C [responsável pelos canais Globo] prefere ser mais cautelosa e não entrar em um produto tão inovador neste primeiro momento, mas a negociação continua”, diz.
Takayanagi, da TIM, conta que a ideia por trás da oferta do Self TV é reverter a tendência dos combos. Ele acredita que as operadoras investiram na TV por assinatura como medida defensiva e se diferenciar ao contar também com a oferta de conteúdo. A TIM, porém, busca estar na próxima onda.
“Como somos uma operadora móvel com internet fixa, não temos um legado de cobre, a gente pode jogar uma estratégia diferente, aderente a novos hábitos de uso. Coincidentemente, acho que essa oferta que acaba sendo muito mais compatível com a demografia brasileira. Pacotes triple play saem por, em média, 250 reais. Com essa ideia de ‘descombar’, desmontar o combo, a gente ganha mais flexibilidade e pode cobrir um mercado muito maior”, conclui ele.