TIM e Vivo assinam contrato de compartilhamento de rede em 2,7 mil cidades

Operadoras não vão mais ter redes sobrepostas no 2G. No 3G e no 4G, projeto abrange cidades de até 30 mil habitantes, podendo chegar a até 1,6 mil municípios. Objetivo é liberar espectro para novos usos e reduzir custos.

As operadoras TIM e Telefônica Brasil (Vivo) anunciaram hoje, 19, que assinaram dois contratos de compartilhamento de rede. Os contratos são resultantes das negociações iniciadas em julho, quando as empresas comunicaram a intenção de dividir a cobertura 2G e criar um “single grid” (rede única) 3G e 4G em localidades com menos de 30 mil habitantes.

Ambas se referem ao acordo como revolucionário no contexto brasileiro de telecomunicações. Dizem que os clientes serão beneficiados pela melhoria da experiência de uso, aumento da capacidade de tráfego de ambas as companhias e ampliação da oferta.

“Mais de 400 novas cidades serão cobertas por cada operadora no decorrer do primeiro ano de vigência do contrato”, dizem as empresas, no comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários. As operadoras calculam, ainda, que a parceria trará grandes economias para as operações, “gerando uma otimização dos  ativos e recursos”.

A partilha

Um dos contratos assinados trata unicamente da criação de uma rede móvel única, de tecnologia 2G, e que vai abranger 2,7 mil cidades onde as duas operadoras têm cobertura. Pelo acordo, serão desativados os sites (estações radiobase) sobrepostos. Com isso, as empresas esperam que haja redução dos custos de manutenção da rede e liberação de espectro, que poderá ser destinado a novas tecnologias.

O outro contrato trata da formação também de uma rede única, mas em cidades com menos de 30 mil habitantes onde haverá o compartilhamento de infraestrutura 3G e 4G. Aqui, o modelo prevê duas hipóteses: na primeira, em cidades onde apenas uma operadora já tem cobertura, a outra operadora terá direito de usar a mesma infraestrutura. O resultado será o compartilhamento em 800 cidades, com a expansão de cobertura de cada uma das teles para mais 400 cidades.

A segunda hipótese, chamada pelas empresas de consolidação de rede, é similar ao modelo usado no 2G. Nas cidades onde ambas estiverem presentes, a rede de uma das empresas será desligada, restando a cobertura da outra, de acesso compartilhado. Inicialmente serão 50 cidades atendidas por este modelo, cabendo à Vivo manter o sinal em 25 municípios, e a à TIM nos outros 25.

O projeto inicial está programado para ser finalizado e ter um balanço em 180 dias. As empresas afirma que poderá ser ampliado para mais de 1.600 cidades. “As iniciativas do Single Grid possibilitarão uma melhor experiência aos clientes alavancando-se no aumento de capacidade da rede e eficiência espectral através do compartilhamento de frequências em abordagem MOCN (Multi-Operator Core Networks Ran Sharing), bem como redução de custos e otimização dos investimentos. A implantação será feita de maneira gradativa, na medida em que forem atestadas a qualidade e funcionamento das iniciativas”, explicam.

Ambos os contratos ainda precisam passar pelo crivo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). As empresas ressaltam que, embora compartilhem infraestrutura, manterão completa autonomia comercial e de gestão de seus clientes.

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Rafael Bucco

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