TIM e Oi defendem compartilhamento para disseminação do 5G

Executivos acreditam que na 5G a competição será na camada de serviços, e não na de infraestrutura, para a oferta de qualidade e melhor experiência para o usuário final

O compartilhamento de rede será fundamental para a disseminação do 5G defenderam hoje, 27, Mauro Fukuda, diretor de estratégia, tecnologia e arquitetura de rede da Oi e Marco Di Costanzo, diretor de Redes da TIM, em painel da Futurecom. Pioneiras em compartilhamento, as duas operadoras vêm preparando a rede com recursos de SDN e NFV, visando a permitir o network slicing.

“Em 2014 fizemos o maior acordo de RAN sharing com a consciência de compartilhar  esforços e não duplicar a infraestrutura básica. O Brasil tem dimensões continentais em que a infraestrutura básica é essencial, fibra, cobertura móvel. A competição deve-se dar na camada de serviços e não na infraestrutura para prover qualidade e uma melhor experiência para o usuário final”, defendeu Di Costanzo.

“O compartilhamento de redes será essencial para o desenvolvimento do 5G, que terá uma densidade de sites muito maior do que o 4G e essa cultura de compartilhamento será ainda mais necessária. Temos trabalhado gerando uma camada de administração para que o diferencial da operadora não precise se dar na camada de infraestrutura e sim nos serviços”, reiterou Fukuda.

Ele destacou que o slicing é uma inovação que começou a ser especificada no release 15 e se aperfeiçoou no release 16 do 3GPP, versão stand alone do 5G. Embora já houvesse discussões no 4G, o fatiamento com alocação dinâmica exclusiva de recursos por tipologia de serviços chega junto com o 5G. Ele defendeu que, apesar haver uma função residente no core, é preciso uma implementação end to end, começando pelo rádio até o transporte.

Entre os casos de uso há a enhanced mobile broadband (banda larga avançada); aplicações de missão crítica URLLC (Ultra-Reliable Low Latency Communication) como indústria 4.0 e cirurgia remota; Massive IoT, que requer densidade de conexão de até 1 milhão de dispositivos por km2 na especificação do 3GPP; e LTWA (Long Trailing Wire Antenna).

“Todos esses casos de uso têm características diferentes de disponibilidade, latência e conectividade, exigindo alocação de recursos diferenciada, por isso o propósito de slicing em rede end to end”, explica Costanzo. Na TIM, ele diz que o business case para edge computing é a distribuição de vídeo de provedores de conteúdo.  Para ele, o que está mudando os modelos de negócio não é tanto a latência.

“Serviços que requerem latência muito baixa ainda não há monetização que pague isso. Começamos uma onda com datacenters edge, que visa a “cachear” conteúdo de vídeo locais Google, Netflix, Youtube, Instagran , de modo que o usuário não precise buscar conteúdo longe em data centers centralizados, o que significa um dispêndio desnecessário de recursos de banda e capacidade. Melhora o tempo de resposta e a disponibilidade”, explica Di Costanzo.

Fukuda, da Oi, afirmou que onetwork slicing vai permitir não apenas a gestão de conteúdos de rede e serviços customizáveis com diferentes latências, mas também poderá ser uma plataforma para outros serviços como Network as a Service (NaaS). Ele destaca que o slicing exige um ambiente totalmente virtualizado, processo que a Oi vem conduzindo até mesmo na rede fixa.

“Estamos tratando agora no contexto do 5G. Já há uma parte padronizada, mas ainda há uma parte a ser especificado para permitir o fechamento do slicing na cadeia fim a fim desde o core até o acesso. A infraestrutura é que vai garantir o slicing até o terminal do usuário. Por isso é necessária uma adequação da infraestrutura de transporte. Vamos precisar trabalhar em ambiente virtualizado e trazer algumas funções para a borda. Isso só é possível quando se transforma a infraestrutura de rede num telco data center, levando as funções para a borda. É um desafio grande, que requer orquestração, mas esse trabalho já começou”, ensina Fukuda.

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Carmen Nery

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