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TIM cobra postura crítica do setor: “Não há obrigação de dar Whatsapp de graça”

CEO da TIM Brasil, Stefano De Angelis, questiona viabilidade de ofertas gratuitas de serviços que concorrem com os tradicionais das teles. Também deu mais detalhes do plano industrial, que prevê mais fibra óptica, 3G e 4G.

Bloqueio WhatsAppO CEO da TIM Brasil, Stefano De Angelis subiu ao palco da Futurecom 2016 nesta quarta-feira, 19, com a intenção de apresentar a estratégia da companhia para os próximos anos. Mas não sem antes cobrar do setor, de todas as operadoras, incluindo a própria, uma autocrítica em relação às parcerias que faz com as provedoras de aplicações (chamadas OTTs) e a forma como estabelece os preços ao consumidor.

“O setor tem que fazer autocrítica. Sempre falamos da dificuldade em data monetization [rentabilizar o tráfego de dados]. Mas o problema também está em nossa política de marketing. Não acho que há no Brasil obrigação de dar Whatsapp. O uso de OTTs é uma alavanca que precisamos melhorar em nossas ofertas. Não temos a obrigação de não aumentar o preço”, falou.

Mais tarde, a jornalistas, foi mais enfático. “Não tem uma legislação que obrigue a dar Whatsapp de graça. Foi uma decisão espontânea das operadoras, que depois vão chorar para as autoridades que há problemas com as OTTs. O problema com as OTTs é outro. Têm que ter as mesmas regras que nós. Nós pagamos Fistel para usar o número do telefone do cliente. Como o Whatsapp reconhece o cliente? Pelo número, mas não paga”, disse depois a jornalistas.

A postura crítica à prática do zero-rating seguiu a uma exposição da realidade que enfrentam as operadoras no Brasil. Os dados apresentados por De Angelis revelam uma queda na receita, na receita média por usuário (ARPU) e no EBITDA (lucro antes de impostos e amortizações), enquanto o investimento subiu e o tráfego de dados explodiu. O cenário pressiona o faturamento das companhias, inclusive da TIM, que até 2012 adotava como estratégia e briga pelo preço.

Agora, acha que tudo deve mudar. “Olhando para o futuro, os indicadores macroeconômicos são positivos. A expectativa é de recuperação da economia, de reformas estruturais”, resumiu. Na tela, exibindo dados com previsões da própria TIM de queda de 0,8% da receita do mercado de telecom brasileiro, mas retorno à expansão nos próximos anos: +2,1% em 2017, +3,6% em 2018 e +4,8% em 2019. Mas somente em 2019 a taxa de crescimento será maior que a da inflação (então de 4,5%), segundo suas projeções.

Plano industrial
De Angelis afirma que estão mantidos para o triênio até 2019 o plano de investir R$ 12,5 bilhões no Brasil. Mas a empresa está adotando um modelo de gestão “lean”, inspirado em startups e empresas de tecnologia, em que se faz mais com menos.

“Os investimentos estão mantidos. Mas não tem que olhar só o dinheiro. Por exemplo, conectamos nossas antenas com fibra. Para fazer essa infraestrutura, estávamos fazendo leilões para cada trecho de fibra. A gente agora pegou um plano consolidado de fibra e fizemos um leilão para os próximos três anos. Resultado? Economizamos 30% em relação ao valor anterior. E parte do dinheiro foi investido de volta no 3G. Vamos ter mil cidades a mais com 3G este ano, que não estava no plano de investimentos anterior”, explica.

O grande objetivo da operadora e mudar a reputação de gigante do pré-pago, de preço baixo, que obteve graças a uma estratégia desenvolvida até 2012. A meta prevê ter preços mais altos, mas muito mais qualidade, competindo no mercado de alto valor. Até 2018, a TIM quer ter 3G em 3,3 mil cidades, cobrindo 93% da população. No 4G, ele detalhou mais a meta multiplicar a quantidade de áreas atendidas. Em 2017, serão 2,6 mil cidades, e em 2018, 2,7 mil cidades cobertas.

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