TI não viu crise em 2021 e superou em receitas o setor de telecomunicações

O setor de TI superou o de telecomunicações em mercado, cresceu em todos os âmbitos e continuará aquecido por mais cinco anos, ao menos, segundo a Brasscom.

O ano de 2021 foi de virada para o setor de tecnologias da informação e comunicação (TIC). Dados divulgados hoje, 23, pela Brasscom, a receita do setor de TI superou a gerada pelo setor de telecomunicações.

Conforme Helena Loiola, coordenadora de inteligência da entidade e responsável por produzir um relatório setorial anual, a produção de todo o setor de TIC somou R$ 597,8 bilhões em 2021. Significa expansão de 18,3% no ano, comparado a 2020. Com este avanço, a área de tecnologia no Brasil passou de 6,8% para 6,9% do PIB nacional.

Mas o que mais chama atenção nos dados foi o rápido avanço do setor de TI, puxado pela digitalização de empresas e do consumidor em função da pandemia de Covid-19. Em 2020, a produção de TIC, sem telecom, somava 205,6 bilhões. Em 2021, o número passou para R$ 293 bilhões – um incremento, portanto, de 36,4%.

Tal evolução foi muito mais acelerada que o visto nas empresas de telecom, onde a expansão anual foi de 4,7%, e as receitas somara R$ 251,7 milhões.

Como resultado, a área de TI superou telecomunicações também no PIB, e já equivale a 3,4% do produto interno bruto. O setor de telecom, a 2,9%. Praticamente uma inversão de tamanho relativo, uma vez que em 2020 telecom representava 3,3% do PIB e TI, 2,8%.

Os números se refletem ainda no mercado de trabalho. Segundo Brasscom, as empresas de tecnologia contrataram 129 mil pessoas em 2021. As empresas de telecom, 21 mil.

Crescimento generalizado

Como se vê no gráfico abaixo, elaborado pela Brasscom, o mercado de TI cresceu em todas as áreas em 2021. Hardware e software puxaram o setor, mas também houve crescente demanda para exportação.

Salários em alta

A Brasscom revelou ainda que a demanda por profissionais de TICs seguirá aquecida pelos próximos anos, e que os salários da área ficaram, proporcionalmente, mais altos que a média salarial nacional brasileira em 2021.

Enquanto a média salarial nacional caiu 7% em 2021, para R$ 1,8 mil, os salários em TICs subiram. Quem produz software ganha 3,5 vezes mais que o brasileiro médio. O salário de quem presta serviço em software subiu de R$ 5 mil em 2020 para R$ 6,35 mil em 2022 – sempre em média.

No setor de TIC como um todo, o salário médio passou de R$ 4 mil para R$ 5,2 mil. E em telecomunicações, de R$ 3,34 mil para R$ 4,23 mil.

Desafios

A alta dos salários reflete também um dos desafios enfrentados pelo setor de TIC, que é encontrar profissionais qualificados para trabalhar com tecnologia. Nos próximos cinco anos, haverá demanda por 797 mil trabalhadores. As empresas vão gerar ao menos 159 mil empregos por ano.

Outro desafio é trazer diversidade aos postos de trabalho. O setor é dominado por homens nas funções técnicas, de diretoria e gerência. As mulheres são maioria em serviços administrativos, de call center, RH, finanças e advocatícios. Mas em termos gerais, apenas 39% dos trabalhadores de TICs são do sexo feminino, o que contrasta com o perfil da população, uma vez que 51% dos brasileiros (109 milhões) são mulheres.

Investimentos

O relatório traz também as estimativas de investimentos por área até 2025. O setor de TI vai investir menos que o de telecomunicações (mobilidade e conectividade) como se vê no gráfico abaixo. Mas vai ampliar mais os aportes do que as operadoras. Ao todo, as empresas de TI vão investir 17,3% a mais por ano até 2025, enquanto as teles, 9,3%. Ao final do quinquênio, as empresas de tecnologia terão investido R$ 510,5 bilhões, ante R$ 616,9 bilhões das operadoras e provedores.

O Relatório Setorial da Brasscom pode ser acessado na íntegra aqui.

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Rafael Bucco

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