Teles começam a apagar a ideia de que só sabem fazer conexão

As operadoras de celular contam com 5G, Inteligência Artificial e Big Data para deixar de ser empresas de conexão para oferecerem serviços de maior valor agregado à população global. E os primeiros casos concretos estão em demonstração no MWC.

Barcelona – Pela primeira vez no MWC, maior evento setorial da indústria de telecomunicações, diferentes dirigentes de operadoras de celular fazem uma mea culpa sobre porque suas empresas, que investem bilhões de dólares por ano, e cujo serviço é usado por mais de 5  bilhões de pessoas, têm uma reputação igual a da indústria do tabaco.

“Sofremos com nossa reputação, pois os nossos clientes acham que trabalhamos mais para os  acionistas do que para os consumidores. Agora que começamos a oferecer serviços de valor, mudaremos a nossa trajetória”,  afirmou Stephane Richard, CEO da operadora francesa, Orange.

Stéphane Richard (direita), CEO da Orange, durante apresentação no MWC Barcelona 2019

No entender do executivo, as teles serão a indústria do futuro se forem capazes de reduzir a desigualdade digital. E, afirmou, as empresas estão tentando. Citou o serviço de dinheiro móvel que a Orange lançou em diferentes países africanos e que já conta com mais de 100 milhões de clientes.

Sem erros

Para Nick Read, CEO da Vodafone, (a maior operadora de celular da Europa) as operadoras precisam aprender com os erros passados. E listou os três erros que, na sua opinião,  fizeram com que a reputação das operadoras de telecomunicações  caísse ao mesmo nível da indústria de tabaco: as empresas foram protecionistas demais; pouco transparentes em seus planos de serviços e ofertas;  e pouco colaborativas entre elas.

“No caso do SMS (os torpedos), não fomos rápidos o suficiente para entender a necessidade dos clientes e logo perdemos todas as receitas para plataformas de internet. Ou no caso do  roaming, que, na Europa, precisou da intervenção do regulador para que seus preços caíssem”, completou.

 

Nick Read, CEO, Vodafone, à direita, é entrevistado por Mats Granryd, diretor geral da GSMA, durante o MWC 2019

Quanto a transparência, Read citou os inúmeros e confusos planos de serviços que deixaram os consumidores desconfiados. “Precisamos trazer de volta a confiança dos clientes”, completou.

Sem isso, avalia, o segmento vai continuar a ser, na Europa, aquele com a pior rentabilidade entre todos os ramos econômicos, assinalou.  Read passou listou as iniciativas que a Vodafone tomado para dar a volta por cima. Recentemente, revisou integralmente a sua estratégia de atuação, está fazendo parcerias para a construção de uma plataforma global de IoT e firmado acordos de compartilhamentos com diferentes operadoras.

Serviços, serviços

Conforme as projeções da Singtel, operadora de telecom de Singapura e África, em 2025, se as telcos ficarem restritas a conectividade, terão apenas 5% das receitas a serem geradas com a Internet das Coisas (IoT), os 95% restantes irão para serviços profissionais, como os aplicativos ou plataformas.

Chua Sock Koong, CEO, Singtel

Por isso, a CEO da operadora,  Chua Sock Koong, prefere falar que a união da 5G com IA (Inteligência artificial e Big Data permitiram as operadoras de celular criar a conectividade inteligente, com a aliança da oferta de serviços.

E listou uma série de serviços que sua empresa já está oferecendo em 5G, que variam desde medidores de energia elétrica a marketing digital.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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