Tecnologia é aliada no combate ao desperdício da produção de alimentos

A busca de eficiência já tem ferramentas disponíveis desde predição da demanda até monitoramento online

Em um momento que o mundo está às voltas novamente com temores em relação à segurança alimentar dos próximos anos, são a tecnologia e a inovação que se apresentam com soluções que podem ajudar nessa escalada. A capacidade analítica de dados tem colaborado para uma maior visibilidade do processo produtivo, da colheita ao processamento, enquanto recursos com monitoramento online via satélite e mais futuramente drones com alta capacidade computacional podem garantir a previsibilidade das safras acionando processos inteligentes a partir daí.

Durante o painel A indústria 4.0 voltada para a Agricultura, realizado hoje no AgroTIC 2022, Raphael Domingues, diretor de Desenvolvimento de Negócios para a América Latina da SAS, lembrou do alerta da ONU (Organização das Nações Unidas) de que 10% da população mundial enfrentou a fome em 2020 enquanto 1/3 da comida produzida não foi consumida.

Segundo o executivo, esse descompasso é mais explicitado em pesquisa da McKinsey que mostra o caminh0 da perda do que foi produzido: 11% da comida foi perdida no campo,  8% na colheita, 1% no processamento, 6% nas lojas e 10% na casa dos consumidores.  Na sua avaliação, um ecossistema de supply chain digitalizado e com interatividade podem minimizar esse desperdício.

As soluções analíticas são para ele uma resposta bem eficiente a esse cenário, a começar pela predição da demanda que irá nortear todo o processo produtivo. A SAS já aplica esse tipo de solução junto a seus clientes e de acordo com Domingues, obteve aumento de cerca de 13% em eficiência. Ele acredita que um dos principais obstáculos para o uso de sistemas inteligentes, a necessidade de profissional especializado, tem chances de sumir á medida que as plataformas estão cada vez mais amigáveis e automatizadas que podem ser operadas por um leigo.

André Galleti Júnior, gerente de Planejamento Operacional da Integrada Cooperativo Agroindustrial, que opera principalmente nos estados do Paraná e São Paulo, conta que há mais de um ano a entidade investe em predição da produção Para isso, utiliza sensoriamento remoto com um mix de imagens de satélites, sensores no campo e em estações meteorológicas. Com isso, é possível saber da perda de produtividade em um talhão específico e as necessidades de correção.

Esse sistema utilizado pela cooperativa vem sendo aperfeiçoado e passará a utilizar drones específicos que enviarão imagens mais específicas e com mais acuidade.  O executivo ressalta que o crescimento da produção brasileira, principalmente em grãos, tem acontecido sem uma equivalente expansão da terra plantada. Reforça que dados do Conab mostraram que na década de 90 a área plantada foi de 38 milhões de toneladas de soja e em 2020/2021 chegou a 69 milhões.

Ana Helena Correa Andrade, diretora de Assuntos Governamentais da AGCO, acredita que a tecnologia pode ajudar o país a crescer sua produção de alimentos, um dos líderes globais nessa área, com sustentabilidade. Ela lembra que já temos disponível várias ferramentas que colaboram para isso, como sistemas de irrigação inteligente que permitem mais controle sobre o uso da água o que beneficia tanto o planeta quanto o produtor.

Ao mesmo tempo, a executiva procura afastar a possibilidade de que nos próximos anos um dos maiores problemas do campo, a falta de conectividade, será resolvido com a tecnologia 5G. “Hoje ainda temos lacunas na infraestrutura de comunicação no campo mesmo com a 4G na faixa de 700 MHz, que é a mais utilizada para Agricultura 4.0”, afirma.

O AgroTIC 2022 acontece até sexta-feira e é promovido pela Momento Editorial em parceria com a EsalTec.

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Wanise Ferreira

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