Azul usa IA para reduzir tempo de aviões parados

Foram instaladas câmeras digitais com softwares de inteligência artificial que analisam em tempo real cada ¨frame¨ captado, acompanhando todas as operações em rampa dos aviões da companhia aérea.
Daniel Tkacz, VP de Operações da Azul Linhas Aéreas | Foto: Divulgação
Daniel Tkacz, VP de Operações da Azul Linhas Aéreas | Foto: Divulgação

A Azul está usando inteligência artificial (IA) para melhorar sua eficiência em solo e reduzir o tempo dos processos (turnaround) na utilização das aeronaves. Não por acaso, a empresa foi apontada como a companhia aérea mais pontual do mundo, com quase 89% de chegadas no horário previsto, segundo o ranking de 2022 elaborado pela Cirium, que analisa dados globais do setor de aviação.

Para melhorar o desempenho e garantir a pontualidade das operações, a Azul tem investido em medidas mais precisas. A empresa adotou uma solução da startup brasileira WeSafer – braço digital da Avantia, focada em soluções para monitoramento de processos e segurança.  “Buscamos eficiência operacional e pontualidade para o cliente ficar mais feliz. A oportunidade de reduzir o tempo em solo é sempre válida porque quanto mais os aviões estiverem voando, maiores as receitas que a companhia obtém. Avião em solo não é um bom negócio. Há uma corrida no setor de aviação por segurança, pontualidade e regularidade” diz Daniel Tkacz, vice-presidente de operações da Azul.

Ele conta que o monitoramento físico das atividades da Azul era um processo mais moroso e muitas vezes manual. Historicamente, na aviação, todos os controles de processos que ocorrem no solo, aferições dos tempos de movimento, atribuições dos atrasos, eram feitos de maneira manual e nem sempre geraram acerto nos dados, pois muitas vezes o funcionário não quer expor uma ou outra área com problema.

O principal objetivo da ferramenta é evitar atrasos nas operações em solo, ou seja, nos procedimentos abaixo da asa quando a aeronave está embarcando ou desembarcando seus passageiros e tripulantes. A alocação de portões, o reabastecimento, a limpeza e o catering são apenas alguns dos processos envolvidos na virada de um avião após o pouso e na preparação para sua próxima decolagem.

“Há alguns anos vínhamos buscando a automação. A alternativa foi buscar câmeras com inteligência artificial para reconhecer um processo e medir o tempo de movimento para corrigir e melhorar os processos. Hoje temos em Viracopos 26 câmeras de frente aos nossos aviões que nos permitem saber se todos que deveriam estar ali estão de fato, se os equipamentos estavam posicionados adequadamente, e monitorar tempo de abastecimento, o catering, num total de seis processos de uma lista de 21 que gostaríamos de monitorar”, explica Tkacz.

Ao usar o software de inteligência de gravação de vídeo de câmeras digitais instaladas, os algoritmos identificam e analisam cada ‘frame’ desses tempos e movimentos. O status em tempo real é informado pela interface, enquanto a tecnologia gera dados históricos para análises. As evidências geradas pelo sistema de IA da Azul ficam disponíveis no Centro de Controle Operacional (CCO) da empresa.

“Com as informações coletadas é possível fazer uma análise mais precisa e quase em tempo real, mesmo a centenas ou milhares de quilômetros de distância do local. Isso tem auxiliado fortemente o time de performance a tangibilizar o desempenho em terra da companhia e dos seus parceiros operacionais”, diz Tkacz. O projeto conta com mais de 50 mil imagens de treinamento em sua rede neural, que utiliza IA para identificar tempos e movimentos reais através de visão computacional.  A tecnologia, em uso desde setembro de 2022, se baseou nos principais desafios da Azul de melhorar procedimentos e aumentar performance e, assim, reduzir ao máximo atrasos em solo.

Melhorias

As melhorias percebidas pela Azul com o uso da IA são significativas com os mais de 200 mil eventos registrados, que ocorrem ao redor da aeronave quando ela está estacionada, e mais de 15 mil operações de TATs – turnaround time, ou quantidade de tempo necessária para concluir um processo ou atender a uma solicitação – registradas desde o início da aproximação da aeronave no portão até o seu término, quando inicia o movimento de saída, encerrando o TAT.

Com o apoio da solução, que integra câmeras especiais, equipamentos de networking, algoritmos de inteligência artificial e  nuvem, foi possível digitalizar as operações em rampa somente dos voos da Azul e reduzir os ciclos de tempo de retorno dos voos. A tecnologia é capaz de manter e, até mesmo, aumentar o índice de pontualidade conquistado pela Azul na pesquisa internacional, assegurando também o alto nível de satisfação dos passageiros e tripulantes.

A implantação do projeto de IA da Azul já atingiu o pico de 100% dos eventos registrados e possui uma média acima de 96%, marca de excelência para algoritmos de inteligência artificial. Todos os eventos são enviados diretamente via API em tempo real para o Centro de Controle Operacional da Azul, que pode monitorá-los a distância e de forma remota sem nenhum tipo de intervenção humana.

“Esta é uma tecnologia nova a estamos aprendendo. Mas já pensamos em expandir para mais posições em Campinas, nossa grande base, com 13 posições. Queremos chegar a 26 posições e, eventualmente, ir para outros aeroportos. Podemos, inclusive, usar as câmeras em outros locais, como no check in,  para reduzir o tempo nas filas, ou dentro do hangar para monitorar a manutenção”, sinaliza o vice-presidente da Azul.

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Da Redação

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