“Misturar Starlink com Twitter é um exagero”, avalia revendedora

Sencinet, revendedora da Starlink no mercado B2B e governamental, diz que o serviço é utilizado por órgãos públicos em pelo menos 300 cidades, sendo a maioria do Norte

Uma grande revendedora de Starlink para o mercado corporativo no país, a empresa Sencinet, pronunciou-se a respeito do embate entre Elon Musk e autoridades brasileiras. Para a companhia, há exagero nas tentativas de responsabilizar a Starlink por atividades do X (Twitter) ou declarações públicas do bilionário.

Para Jayme Ribeiro, diretor de vendas e marketing na América Latina da Sencinet, são duas vertentes de negócio que têm em comum apenas Musk, e que não se misturam. A seu ver, o primeiro prejudicado caso haja qualquer vedação à Starlink no Brasil seria o serviço público da Região Norte.

Jayme Ribeiro, diretor de vendas e marketing da Sencinet
Jayme Ribeiro, diretor de vendas e marketing da Sencinet (Foto: Divulgação)

Lá, o Tribunal de Justiça do Amazonas contratou da revendedora o serviço de conectividade, assim como a Defensoria Pública do Amapá, o Banpará, a Marinha do Brasil, secretarias de educação, entre outros órgãos. O próprio Exército Brasileiro está com licitação aberta para contratação de “Prestação de Serviços de Internet via satélite de baixa órbita” a fim de atender o Comando Militar da Amazônia, disputa da qual pretende participar.

“Também atendemos com Starlink 150 agências do Bradesco na região Norte e agências da Caixa. Todos estes órgãos e bancos querem uma conexão que seja rápida, de 200 Mbps e com baixa latência. Não querem outra coisa. Desenvolvemos até uma mochila com link itinerante para a Defensoria o Amapá ter conectividade em qualquer lugar”, conta o executivo.

Outro lado prejudicado seria o dos clientes residenciais. A Starlink tem quase 160 mil estações implantadas no Brasil, a maioria diz respeito a serviço residencial, em que vende diretamente ou via parceiros a pessoas físicas, mas também a micro e pequenas empresas. No B2B, atende apenas via parceiros.

Por fim, o terceiro prejudicado seriam os intermediários, como a Sencinet, focados no mercado corporativo. “Os revendedores estão submetidos a dois contratos: de um lado, com governos, de outro, com a Starlink. Ambos são muito exigentes, e qualquer problema afeta mais o revendedor do que qualquer uma dessas partes”, calcula Ribeiro. Atualmente, a Sencinet, como revendedora, leva Starlink para cerca de 300 cidades, de diferentes portes.

Mas a integradora não deposita todos os ovos na mesma cesta. A Starlink era a única operadora de órbita baixa comercialmente operacional do mercado, daí o barulho que vem causando. Mas a tendência é haver diversificação desse tipo de fornecedor no médio prazo.

“Estamos conversando com a Oneweb, que acaba de iniciar o serviço. Vamos conversar com Kuiper quando lançarem, o que ainda deve demorar uns dois anos. Em órbita média, temos contrato com a O3b, somos parceiros deles, que inclusive utilizam gateway nosso em Hortolândia [interior de São Paulo], e atendemos também no mercado com satélites geoestacionários desde 2005”, lembra Ribeiro.

Nesta terça-feira, 23, no evento Conexão Brasil-África, o ministro das comunicações, Juscelino Filho, comentou que não existe nenhuma iniciativa de governo para banir ou bloquear a Starlink no país.

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Rafael Bucco

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