Sustentabilidade do 5G depende de energia renovável

Representantes das operadoras e setor energético explicam que ao mesmo tempo em que a nova tecnologia proporciona diversas aplicações que beneficiam o meio ambiente, chega em cenário que tende ao crescimento da demanda de energia.
Sustentabilidade do 5G depende de energia renovável, concluem especialistas
Representantes do setor de telecomunicações e energia debatem relação entre 5G e sustentabilidade em painel do INOVAtic Nordeste 2022, em Recife. (Crédito: Tele.Síntese)

A sustentabilidade do 5G foi refletida em painel do INOVAtic Nordeste 2022, evento realizado pelo Tele.Síntese em Recife (PE), nesta sexta-feira, 23. Durante o debate, especialistas falaram sobre a importância da energia renovável como uma das condicionantes que envolvem resultados positivos da nova tecnologia móvel.

Leonardo Euler de Morais, ex-presidente da Anatel e atual vice-presidente para Assuntos Institucionais e Governamentais na América Latina da Vestas, empresa de energia sustentável, destacou que “o 5G pode ser compreendido como o principal porta de entrada para IoT”, por ser mais flexível, “o que significa uma rede de acesso cada vez mais virtualizada, fatiamento de rede, compartilhamento dinâmico de espectro e tudo isso demanda mais energia”.

“O deployment do 5G começa pelas mid and high-band. Ou seja, mid, 3,5 GHz, e high-band 26 GHz que também foi objeto de licitação no ano passado. Essas bandas, mais altas que são, tem menor cobertura, portanto, é necessária maior densidade de antenas. Uma maior densidade de antenas requer maior banco de baterias, enfim requer mais energia para essa evasão”, observa Morais.

Data centers

O vice-presidente da Vestas também comentou o investimento das empresas em data centers, o que também impacta em desafios e, consequentemente, oportunidades para o setor energético.

“Temos um trade off, porque não é apenas ter energias limpa, é também pensar no consumo d’água que um data center também demanda, bastante consumo d’água. Então, se você está em uma localidade que tem escassez de água, você precisa de mais energia. Se você precisa de mais energia, também precisa de mais energia de fonte renovável”, explica Morais.

Para o ex-conselheiro, a preocupação com a eficiência energética representa uma oportunidade de mão dupla. “É uma oportunidade também para o setor de energia, para que ele ofereça soluções de energia renovável para o setor de comunicações”, disse.

ESG e avanços do 5G

Ainda durante o painel do INOVAtic, Daniela Martins, gerente de Relações Institucionais, Governamentais e Comunicação da Conexis, destacou pesquisa elaborada pela PWC, que estimou a tendência de haver, até 2025, quase 60% dos ativos de fundo empregados em organizações que utilizam práticas ambientais, sociais e de governança (ESG).

Representando a entidade que reúne Claro, Oi, Tim, Vivo e Algar Telecom, Martins citou as principais iniciativas já adotadas pelas operadoras para uma cultura mais sustentável, como, a implantação de sites com energia limpa, investimento em usinas próprias de geração de fontes de energias renováveis, pontos de recepção de lixo eletrônico e faturas digitais.

As aplicações IoT possíveis a partir do 5G também foram destacadas, como a possibilidade de controle de desmatamento, monitoramento de produção agrícola, gestão do consumo de água e emissão de gases.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura dos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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