Setor de satélites mira mercado de backhaul para 5G

Para provedores de satélite, 5G precisa do satélite como também de WiFi, redes fixas e móveis terrestres e satélites. E recomendam as operadores preservarem espectro do 5G construindo backhaul com satélites

Mesmo com o Brasil tendo experimentado uma expansão das fibras em boa parte do território nacional, os operadores do mercado de satélite têm grande expectativa quanto as oportunidade para o setor ser o provedor de backhaul. Clóvis Baptista, chairman da Hispamar, disse que a empresa vê com muito interesse esse mercado que pode gerar oportunidades para redes 3G, 4G e 5G.

“Estamos nos preparando. Recentemente a Hispasat se filiou ao 3GPP para participar dos trabalhos e das discussões dos protocolos e entender melhor como funciona esse ecossistema do 5G. Existem muitas oportunidades no Brasil para todos os operadores em função de nosso déficit de cobertura territorial. Levar o 4G e o 5G para o interior vai exigir muita infraestrutura. Estamos olhando também outros mercados como México, Peru, Colômbia e até EUA. O satélite faz parte do 5G, que envolve WiFi, redes fixas e móveis terrestres e satélites. É uma excelente oportunidade de negócio e queremos participar dessa empreitada”, avisa Baptista,

Gustavo Silbert, diretor executivo da Embratel StarOne, diz que o satélite é uma infraestrutura muito importante ainda no 4G. A StarOne oferece baclhaul em 4G, inicialmente em banda Ku, e já está oferecendo em banda Ka. “Mas estávamos restritos à cobertura do satélite D1. Se imaginarmos que o agrobusiness vai ser um grande demandador de 5G, com a nova cobertura do D2, cuja cobertura estamos focando o Centro-Oeste do Brasil, vamos ser muito importantes para o 5G nessas áreas”, diz Silbert ressaltando que o fato de a StarOne estar vinculada à Claro não impede a empresa de prestar serviços de backhaul para outras operadoras.

Jurandir Pitsch, vice-presidente de vendas para América Latina da SES, lembrou que a latência no 5G leva a operadora a focar em frotas não geoestacionárias, MEO (Medium Earth Orbit) com maior capacidade como o satélite de mais de 11 terabites de capacidade da empresa. É possível colocar alta capacidade e baixa latência em pontos específicos, o que será importante para o 5G.

“Temos alertado às operadoras para serem moderadas no consumo do espectro. Eles vão precisar de capacidade em banca Ka e Ku, em pontos onde a infraestrutura terrestre não é viável. Com o avanço da tecnologia, vão caindo os preços e passa a haver muita capacidade e investimentos menores, permitindo que o satélite seja mais competitivo e ser um bom parceiro para as operadoras”, propõe Pitsch.

Mauro Wajnberg, general manager da Telesat Brasil, diz que o 5G é uma super aplicação desenhada para para os satélites LEO (Low Earth Orbit). Para ele as arquiteturas para o 5G são as de constelações. Outra vantagem é que a constelação LEO é dinâmica, com um tempo de construção e lançamento muito mais curto que os GEO.

“Chamamos de anywhere e anytime, você coloca a capacidade aonde precisa no momento em que precisa. Não tem a preocupação de ficar desenhando um satélite para uma geografia que daqui a cinco anos terá uma demografia diferente. O 5G é uma aplicação que o LEO atende muito bem”, conclui Wajnberg.

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Carmen Nery

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