Seaborn iniciará derivação de cabos submarinos pelo Recife

Com ligação direta entre Nova York e São Paulo, a empresa tem em seu plano de negócios conectar ainda Fortaleza e Rio de Janeiro.

A Seaborn Networks, provedora de cabos submarinos, deverá começar por Recife as ativações de sua infraestrutura pelo Nordeste. A empresa tem uma ligação direta entre Nova York e São Paulo, mas em seu business plan, já havia previsto criar sete derivações ao longo do caminho, três nos EUA e Caribe quatro na costa brasileira – atendendo o Recife, Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo, e, deste, até a Argentina.

Michel Marcelino, vice-presidente senior e head da Seaborn para a América Latina, explica que não optou por Fortaleza, onde chega a maior parte dos sistemas de cabos submarinos, porque considera Recife um centro econômico de maior porte.

“Temos um projeto de conectar o Nordeste a partir de Recife, embora Fortaleza seja o ponto mais próximo dos EUA e já recebe os demais sistemas. No nosso caso, Recife é estratégica por ser uma das principais cidades do Nordeste e um hub econômico, muito próxima ao Centro Oeste e à Bahia. Estamos na fase de desenvolvimento deste projeto, em fase de estudos com lançamento previsto em fase de estudos possivelmente último trimestre de 2021”, sinaliza Marcelino.

A infraestrutura de cabos submarinos é fundamental para a comunicação do Brasil com o mundo por meio de sete sistemas que ligam o país aos EUA e à África. Desses, quatro sistemas são novos, tendo sido instalados nos últimos quatro anos. No final do próximo ano, a Ellalink entra em operação ligando o Brasil a Portugal. Como muitos sistemas estão no final da vida útil, espera-se uma onda de investimento nos próximos cinco anos.

A Seaborn foi criada em 2012 e instalou em 2017 o sistema Seabras-1, com 11 mil km de cabo ligando os EUA a partir de Nova York a São Paulo. Marcelino diz que o diferencial do sistema é que passa ao largo do Caribe ficando livre dos eventos climáticos da região como os furacões. O perfil da demanda é de provedores de conteúdo para entretenimento e os ISPs.

“O Brasil tem um conjunto novo de sistemas com capacidade acima de 400 Tbps (terabits por segundo). E se comunica com a Europa via EUA predominantemente. O desafio hoje da indústria é a erosão dos preços do megabit trafegado e como atender a nova demanda de baixa latência, especialmente para os serviços de streaming e games. Como temos um sistema muito novo, temos a menor latência direta São Paulo – Nova York, em 108 milissegundos, crítico para o mercado financeiro”, analisa Marcelino.

A Seaborn entrou em recuperação judicial em dezembro do ano passado, mas saiu rapidamente, seis meses depois após reestruturação financeira. Marcelino explica que a crise ocorreu devido à mudança do modelo de contrato de IRU para leasing. No IRU o provedor vende um direito de uso de 25 anos para um parceiro e existe um adiantamento de Capex ou pagamentos durante a construção do cabo.

“Usamos o dispositivo do Chaper 11 simplesmente para renegociar o prazo do empréstimo. Quando fizemos o funding com os investidores, havia a perspectiva de que o mercado de IRU responderia por grande parte de nossas receitas. Mas com a mudança para leasing refizemos o plano de negócios para nossos financiadores. Saímos muito mais fortes da recuperação”, conclui Marcelino.

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Carmen Nery

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