“Rede própria é fetiche brasileiro que precisa acabar”, afirma CEO da Megatelecom

Na avaliação de Carlos Eduardo Sedeh, não há sentido operadoras de telecomunicações manterem infraestruturas próprias; Gonzalo Fernandez Castro, CEO da Obvius Fibra, aponta que relação entre ISPs e redes neutras ainda precisa melhorar
CEO da Megatelecom diz que rede própria precisa acabar
CEO da Megatelecom argumenta pelo fim da rede própria (crédito: Eduardo Vasconcelos/TeleSíntese)

As operadoras devem se focar na prestação de serviços de telecomunicações e abandonar a vontade de construir uma rede própria, defendeu o CEO da Megatelecom, Carlos Eduardo Sedeh, em evento em São Paulo, nesta quinta-feira, 23.

“Ter rede própria é um fetiche brasileiro que precisa ser quebrado. Não tem mais sentido ter infraestrutura própria. Não tem sentido ser a sexta ou a sétima operadora de uma região, entrar com fibra onde já existe. É muito caro e custoso manter a rede”, afirmou o executivo, durante o Fórum de Operadoras Inovadoras, evento organizado pelos sites Mobile Time e Teletime.

Sedeh destacou que a Megatelecom, empresa que atua no provimento de internet, telefonia e soluções de TI para o setor corporativo, tem expandido suas operações com o apoio de redes neutras.

“Não quero mais ter rede. Quero ter data center e TI. O nosso foco é ter o cliente. Para nós, ter fibra é fetiche”, reforçou. “A gente tem que enxergar a rede como uma solução”, acrescentou.

Integração e desafios

O CEO da Obvius Fibra, Gonzalo Fernandez Castro, comentou que há pontos a serem melhorados no que diz respeito à relação entre ISPs e empresas de redes neutras, citando a complexidade dos contratos e o repasse da inflação sobre os serviços adquiridos. “São assuntos que ainda não estão resolvidos”, pontuou.

Por outro lado, Castro destacou que a relação entre ISPs e redes neutras mexeu com o mercado de forma parecida com o que houve com o setor bancário, quando bancos digitais começaram a competir por clientes com as grandes instituições financeiras.

O executivo, no entanto, salientou que ainda é preciso aprimorar a integração entre provedores de internet e de infraestrutura. “Ainda estamos vendo como vai ser a inovação conjunta, se criaremos novos serviços”, disse.

Expansão das redes neutras

Alex Jucius, CCMO da Fibrasil, disse que as empresas de redes neutras precisam se aproximar mais dos ISPs, e não apenas fornecer a infraestrutura.

“Você não pode ficar comendo pipoca esperando o ISP crescer”, frisou. “Muitos ISPs surfaram a onda do crescimento, mas temos que entrar para ajudar [no processo de expansão] e fazer até mesmo um processo consultivo”, complementou.

Segundo Daniel Cardoso, CEO da I-Systems, a expansão da rede da empresa tem sido feita de duas formas: por decisão própria e por indicação dos provedores de internet.

“Nesse momento, a expansão para novas áreas tem sido um processo puxado por nossas âncoras, mas não só as atuais. Também ouvimos as que sinalizam oportunidades de negócios”, afirmou.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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