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Anuário TeleSíntese

Quando tamanho é documento

O novo transponder da Padtec contribui para baixar o custo do bit transmitido nas redes e pode contribuir para tornar a banda larga mais acessível

[infobox title=’Padtec’]2º Lugar

Categoria Fornecedores de Produtos

Produto Inovador: Transponder 1,2 Tb/s[/infobox]

Por Pedro Magalhães

[O Tele.Síntese vai publicar ao longo das próximas semanas as reportagens publicadas no Anuário Tele.Síntese de Inovação 2020, editado no final do ano passado e que pode ser baixado na íntegra e gratuitamente aqui]

Para as operadoras de telecomunicações, fazer mais com menos tornou-se imperativo. Essa necessidade tem sido enfatizada principalmente em referência ao capex e ao opex, num contexto de margens apertadas e receitas pressionadas. Mas do ponto de vista das redes físicas, a demanda é igualmente premente. Os equipamentos, muitas vezes, precisam ser menores.

Em parte para endereçar esse dilema, a Padtec lançou o TM1200G. Segundo a empresa, trata-se do único  transponder DWDM do mercado em formato de caixa de pizza com 30 cm de profundidade (a altura, de 1RU/4.5 cm, e a largura, de 48 cm, são padrão). Tradicionalmente, produtos de capacidade semelhante têm profundidade de 60 cm, e muitas operadoras relatam dificuldade em encaixar transponders desse porte nos seus bastidores, os “armários” onde esses equipamentos costumam ser inseridos, conta Argemiro Sousa, diretor de Negócios da fabricante brasileira de soluções óticas.

“Antes de definir a arquitetura, fizemos duas rodadas de pesquisas com os nossos principais clientes. Queríamos entender que formato mais se adequava às suas necessidades para além da demanda por mais capacidade, que é padrão nesse mercado. E um dos detalhes apontados, e que parece ser simples, mas faz toda a diferença, foi o tamanho, a mecânica.”

Com um formato menor, o TM1200G mostrou que tamanho pode ser documento e ganhou versatilidade, já que se adequa tanto a bastidores mais curtos, que são mais comuns entre as operadoras, quanto a bastidores mais profundos, ainda que “sobrando” algum espaço na parte de trás. Mas tamanho não é o único diferencial da solução.

O TM1200G leva esse nome porque produz duas interfaces de 600 GBs por segundo – três vezes mais que a  capacidade dos canais que, tipicamente, permitem taxa máxima de 200 Gb/s. É um transponder standalone (não requer outro equipamento de suporte) que pode ser configurado para aplicação em diversos tipos de rede, desde redes de acesso a redes submarinas de ultralonga distância, chegando a uma capacidade de transmissão de até 1,2 Tb/s. E por isso mesmo sua concepção representou um enorme desafio.

“Os clientes queriam caixas com capacidade muito alta, mas de tamanho menor. Isso invariavelmente aumenta o consumo de energia. Uma coisa é você colocar mais capacidade num volume maior – é mais fácil você dissipar a potência dentro do produto. Mas quando você opta por fazer um produto com volume menor e mais capacidade, o desenho tem que ser muito mais detalhado para que esse produto consiga dissipar adequadamente o calor que é gerado por ele mesmo”, explica Sousa.

Para contornar a dissipação térmica causada pelo aumento de densidade, a Padtec rodou robustas simulações de calor e utilizou modernos softwares disponíveis no mercado. Outro desafio foram as chamadas trilhas de alta velocidade. Isto porque, para agregar tráfego em uma solução tão compacta, era preciso evoluir as interfaces dos clientes. Para isso, a empresa trabalhou pela primeira vez com trilhas de até 50 Gb/s.

A placa de circuito impresso utilizada no produto, desenvolvida no Brasil por engenheiros da Padtec, demandou 18 camadas para agregar toda a densidade de trilhas e componentes eletrônicos requeridos. A fabricação e o processo de P&D do TM1200G são totalmente locais.

Segundo Sousa, a solução já está instalada nas redes de algumas operadoras. Em outras, segue em trials, com boa aceitação. Com sua alta densidade, o novo transponder da Padtec contribui para baixar o custo do bit transmitido nas redes desses provedores, ressalta o executivo. Assim, responde à primeira demanda da indústria sobre fazer mais com menos. E, no limite, o diminuto produto tem potencial para tornar a banda larga mais acessível.

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