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Regulação

Qualcomm quer espectro usado para uplink da Banda C liberado para a 5G

Executivo da fabricante explica que será preciso destinar os 28 GHz, também usado por satélites, para a 5G. E diz que ainda este ano será lancado aqui chip NB-IoT compatível com redes de 450 MHz.

predio-Qualcomm

A Qualcomm está pedindo à Anatel que destine o espectro de 5,9 GHz, hoje usado para o uplink da Banda C no Brasil, para a 5G. A fabricante de chips afirma que a faixa de frequência é ideal veículos autônomos.

O esforço em liberar espectro para os carros faz parte dos planos da empresa de focar neste segmento. Em janeiro, a companhia apresentou sua iniciativa C-V2X de conexão para o setor automotivo.

“A gente vai ter uma empresa, uma iniciativa, voltada só para a área automotiva”, explicou Francisco Soares, diretor senior de relações comerciais da Qualcomm, durante workshop sobre 5G realizado em São Paulo. A compra da NXP, fabricante de chips para objetos conectados, que enfrenta escrutínio de autoridades, aconteceu justamente com este fim.

Soares afirma que é possível fazer as duas aplicações (carro autônomo e upink de banda C) conviverem sem interferências. “Mas não dá para conviver com o WiFi, usado em alguns países nessa faixa. Talvez seja interessante ter 10 MHz para aplicações de segurança do carro autônomo. Normalmente se pede 70 MHz para suportar o C-V2X”, disse.

 

Com ou sem essa banda, ele afirma que em no máximo dois anos montadoras nacionais já vão colocar na rua carros com tecnologia C-V2X da Qualcomm.

 

Mais espectro

Soares lembrou que há no Brasil faixas de espectro importantes que poderão compor a 5G. Afirmou que os 450 MHz, licitados em 2012 e até hoje sem uso pelas operadoras, é um exemplo. Ele afirma que essa frequência será usada para a internet das coisas. “Ainda este ano vamos lançar um chip NB-IoT compatível com esta faixa”, afirmou.

Como outras empresas, a Qualcomm reforçou o coro pela liberação, logo, de 200 MHz entre as frequências de 3,4 GHz e 3,6 GHz, pedaço comumente chamado de 3,5 GHz. O problema é que a faixa é usada para a transmissão de TV aberta via satélite (TVRO).

“Estamos tentando convencer a Anatel de que essa licitação saia e que se resolva o problema da convivência com TVRO. Talvez se tenha que colocar filtros na banda adjacente”, disse. Segundo ele, diferentes estudos indicam que há no país entre 7 milhões e 20 milhões de TVs que usam o sinal aberto via satélite.

A Qualcomm também defende a destinação da faixa de 2,3 GHz para a 5G, o fim do 2G para promover o refarming das frequências de 850 MHz, 900 Mhz e 1,8 GHz, compartilhamento de espectro e mercado secundário.

“A gente precisa simplesmente acabar com o 2G. São frequências para levar rede de melhor qualidade a área rural. Anatel e MCTIC poderiam propor a desoneração de impostos federais para 36 milhões de terminais 4G que irão substituir os terminais 2G”, afirmou.

Não para aí. A Qualcomm espera que a Anatel se debruce também sobre a liberação do UHF (600 MHz), Banda L (950 MHz a 2.150 MHz) e ondas milimétricas (acima de 26 GHz). Segundo Soares, apesar de os 28 GHz serem usados pelas empresas de satélite, será preciso destinar esta banda para a 5G. “Pedimos que se pense para que se destine parte dessa faixa, deixando de ser exclusivo do satélite”, disse.

O executivo defendeu, ainda, o fim do spectrum cap. Atualmente o limitador de espectro possuído por operadoras está em consulta pública, que fica no ar até 23 de abril.

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