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Banda larga

Profissionalização de ISPs influencia ritmo de adoção da banda larga

Pesquisa feito pelo NIC.br em parceria com Anatel e Embaixada Britânica no Brasil mostra que o grau de profissionalização de ISPs está ligado ao índice de inclusão digital
Crédito: Freepik
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O acesso à Internet, impulsionado pela ampliação das conexões por fibra óptica, avançou consideravelmente na última década no Brasil. Contudo, os pequenos municípios ainda apresentam níveis mais baixos de conectividade, se comparados aos grandes centros urbanos. Pesquisa divulgada hoje, 14, pelo NIC.br mostra que há relação entre o nível de profissionalização dos ISPs em uma cidade e a taxa de usuários de banda larga.

A publicação “Fronteiras da inclusão digital: dinâmicas sociais e políticas públicas de acesso à Internet em pequenos municípios brasileiros” procura decifrar porque municípios com até 20 mil habitantes têm proporção menor de conectados do que cidades maiores.

Identificou mostra que os provedores regionais são fundamentais para levar banda larga fixa a estes locais, enquanto as grandes operadoras chegam na maior parte das vezes apenas com o celular.

Diz ainda que políticas públicas municipais fazem diferença no letramento digital da população e no acesso a serviços de governo eletrônico. Mas identificou que são raras as cidades pequenas com programas de inclusão digital como WiFi público ou telecentros, onde computadores são colocados à disposição dos cidadãos.

Dimensões

Produzida e coordenada pelo Centro de Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (Cetic.br|NIC.br), a pesquisa tem a parceria com o Programa de Acesso Digital (DAP) da Embaixada Britânica no Brasil e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Lançado nesta terça-feira, 14, apresenta um diagnóstico da adoção da Internet em municípios brasileiros com até 20 mil habitantes, com base em dados coletados pelas pesquisas do Cetic.br e em dados fornecidos pela Anatel.

Apresenta, ainda, um mapeamento qualitativo a partir de entrevistas em profundidade e de grupos de discussão realizados nas cinco regiões do país.

“Os municípios com até 20 mil pessoas, que concentram 31,6 milhões de habitantes, apresentam um percentual de usuários de Internet menor do que o verificado em grandes centros urbanos”, observa Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br.

Metodologia

Os pesquisadores selecionaram 485 municípios, que foram divididos  quantidade de acessos, qualidade e segurança dos serviços ofertados pelos provedores, serviços públicos on-line e políticas de inclusão digital das prefeituras. O objetivo foi entender o que influenciava os diferentes níveis de conectividade e averiguar o quanto provedores e governos locais poderiam explicar essas diferenças.

Além disso, a pesquisa entrevistou gestores de prefeituras, de provedores e lideranças locais, e montou grupos de discussão com residentes em 20 cidades nas cinco regiões brasileiras.

Constatou-se que houve uma expansão recente da fibra óptica nesses municípios, associada ao esforço dos provedores de pequeno porte. Também houve uma substituição de alguns tipos de conexão como rádio por fibra óptica, o que foi considerado fundamental para ampliar o uso das TIC pela população e para garantir uma diversificação maior das atividades on-line.

Entre os órgãos públicos, a ampliação da conectividade permitiu adoção e uso mais intensivo de sistemas administrativos informatizados e software, oferta de serviços públicos digitais e avanços na transparência de seus dados entre as prefeituras.

Barreiras

Por outro lado, a pesquisa constatou que ainda há barreiras importantes à conectividade em áreas rurais, remotas e de difícil acesso em função do custo de expansão da fibra óptica, da falta de energia elétrica, e da instalação e manutenção das torres no caso da conexão via rádio.

Também há características geográficas que, segundo os dados do relatório, dificultam o alcance do sinal ou atrapalham sua estabilidade.

Os entrevistados também destacam barreiras de custo financeiro para contratação de planos com maiores velocidades, que afetam especialmente os mais vulneráveis; falta de habilidades digitais, sobretudo de alguns grupos nas áreas rurais e idosos; e carência de dispositivos de acesso adequados.

Inclusão digital

O relatório identificou falta de departamentos de tecnologia da informação nas prefeituras. Ainda que serviços públicos on-line tenham sido expandidos, a maioria das interações entre administração municipal e cidadãos tem sido de caráter informacional.

Faltam políticas públicas locais voltadas ao enfrentamento das desigualdades no acesso e nos usos das tecnologias em pequenos municípios.

Sobre a atuação dos provedores nessas cidades, o grau de profissionalização dos provedores impacta diretamente a qualidade dos serviços e os níveis de conectividade dos municípios.

“Na ausência de políticas mais institucionalizadas de inclusão digital, as capacidades das empresas provedoras fazem muita diferença no serviço que elas oferecem, e ajudam a explicar as diferenças de conectividade entre os municípios”, explica Barbosa.

O estudo “Fronteiras da inclusão digital: dinâmicas sociais e políticas públicas de acesso à Internet em pequenos municípios brasileiros” está disponível gratuitamente para download aqui.

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