PIX traz redução de custos e oportunidades de novos negócios, dizem teles

Vivo e TIM confirmaram que já estão desenvolvendo produtos na área financeira

Vivo e TIM acreditam que as operadoras de telecom terão papel fundamental na implantação do PIX, plataforma de pagamentos instantâneos que está sendo lançado pelo o Banco Central, seja na redução de seus custos como players nesse mercado. A Vivo já está em conversas adiantadas com uma instituição financeira de grande porte e deve relançar o projeto Vivo Money, na área de crédito, no final deste ano.

As informações são do diretor de Serviços Digitais e Inovação da Vivo, Rodrigo Gruner, que participou, nesta quarta-feira, 12, de live promovida pelo SindiTelebrasil em parceria com o site Jota, sobre meios de pagamento. Gruner disse que as negociações de parcerias ainda não podem ser divulgadas, mas a busca é transformar a operadora em um hub de serviços financeiros para completar a oferta da Vivo, mas com um papel diferente do das instituições financeiras.

O VP de Estratégia e Transformação da TIM Brasil, Renato Ciuchini, disse que o plano da operadora é se tornar uma utility e, para isso, tem participado do grupo de trabalho do Banco Central, que está coordenando o PIX. “Estamos prontos para abraçar essas novas possibilidades de negócios e reduzir nossos custos”, disse. Ele afirmou que a operadora já mantém parceria com a fintech C6 e está desenvolvendo em conjunto, soluções que visam melhorar a experiência do cliente.

Outra possibilidade em estudo é transformar a carteira de pré-pago em uma carteira digital, contribuindo para a bancarização. “As fintechs têm serviços inovadores e nós temos clientes”, disse Ciuchini. Mesma posição defendida pelo Rodrigo Gruner, que projeta uma parceria longa entre bancos e empresas de telecomunicações.

O diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central, João Manoel Pinho de Mello, outro debatedor na live, disse que o PIX, cuja regulamentação foi publicada hoje, trará competição e redução de custos. Segundo ele, não se trata de apenas mais um meio de pagamento, mas de uma plataforma multifuncional que permitirá as empresas a oferecerem serviços por cima dela.

Mello afirma que os pagamentos serão feitos por meio de uma chave, como o número do CPF ou do telefone, o banco de dados reconhece e completa a transação. Além disso, será possível usar o QR code dinâmico, que permitirá compras de supermercado sem a necessidade de interferência de qualquer funcionário.

Os custos também serão reduzidos, enquanto um TED custa em torno de R$ 0,7, 10 PIX do mesmo pagador custarão R$ 0,1 e que todas as operações dependem de celulares ou outros equipamentos eletrônicos. Mas o diretor do BC não quis comentar sobre o impacto do imposto de transações digitais, que o Ministério da Economia quer incluir na proposta de reforma tributária. “Tudo ainda é muito incipiente e falar disso agora seria especulação”, afirmou.

O quarto debatedor,  o advogado e professor da Fundação Getúlio Vargas FGV/RJ Carlos Ragazzo, disse que o PIX é uma resposta certa para a falta de competição no mercado financeiro. Para ele, isso só está sendo possível com o aumento da digitalização da economia.

Todos os debatedores concordaram que a pandemia, apesar de ser uma catástrofe para o mundo, acabou acelerando a digitalização e a bancarização, ao pagar o auxílio financeiro a pessoas sem contas no banco.

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Lúcia Berbert

Lúcia Berbert, com mais de 30 anos de experiência no jornalismo, é repórter do TeleSíntese. Ama cachorros.

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