Pesquisadora de Stanford defende o fim dos monopólios das redes sociais

Daphne Keller propõe a criação do "API Mágico", que consiste no compartilhamento de dados pelas plataformas majoritárias para as pequenas. Mas, o modelo tem problemas em relação a privacidade e formação de bolhas de conteúdo.

Daphne Keller, pesquisadora de Stanford, apresentou em evento do CGI.br hoje, 20, a ideia de API Mágico para regulação das plataformas. O modelo busca ser uma solução para quebrar o monopólio das plataformas e tirar delas o poder de curadoria e regulação. Porém, o método traz outros problemas como formação de bolhas e de inseguranças quanto a proteção de dados.

O API mágico consiste na liberação de recursos de difícil duplicação pelos players majoritários para as novas empresas entrantes. Algo análogo ocorre no setor de telecomunicação, em que os reguladores realizam uma política de desagregação. No entanto, no caso das redes sociais, os recursos são os dados.

Assim, as pequenas empresas poderiam oferecer conteúdo similar, mas com uma interface, política de regulação e rankeamento de conteúdo diferentes. Com isso, as pessoas poderiam escolher a plataforma com a qual se identificassem mais.

Keller afirma que esse modelo poderia resolver os problemas em relação aos embates entre a regulação de conteúdo e a Primeira Emenda dos Estados Unidos. O dispositivo jurídico proíbe o Congresso de criar leis que restrinjam a liberdade de expressão. O API Mágico garantiria que aqueles que não querem ter contato com determinados conteúdos, por exemplo posts que ferem Direitos Humanos, poderiam se afastar. “Isso beneficiaria formas de criar diferentes comunidades e reduzir os gatekeepers“, comentou Keller.

Ainda assim, a pesquisadora reconhece que o modelo cria um filtro de bolha, que permitiria às pessoas optarem por ter acesso apenas a discurso de ódio e desinformaçãol, se assim o desejarem.  E a intenção é justamente o contrário.  “A ideia de que haja uma solução com base na engenharia é encorajadora, mas ainda não sabemos como solucionar esse problema, mas não podemos desistir”, disse.

Outro problema seria referente aos dados, uma vez que essa simplificação de migração de usuário com base no compartilhamento de informações pessoais pode acarretar no conflito entre as leis de proteção de dados e segurança.

 

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Da Redação

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