Persiste imbróglio envolvendo trabalhadores, Vikstar e Vivo

Apesar de acordo ter sido firmado em maio, trabalhadores afirmam ter sido impedidos aderir a programa de demissão incentivada e pagamentos em atraso. Problemas afetam 1.187 funcionários
Ilustração de Peggy und Marco Lachmann-Anke / Pixabay

Uma situação que parecia já resolvida segue em suspense. Trabalhadores da Vikstar, ex-fornecedora de serviços de call center para a Vivo, acusam o não recebimento de valores referentes a rescisões contratuais. Além disso, empregados no setor administrativo da empresa reclamam de não terem sido incluídos na lista de quem pode aderir ao programa de demissão incentivada, que prevê bônus por ano ano trabalhado.

Em 17 maio, os sindicatos Sinttel-PR, Sinttel-PI e Sintratel-SP, a Telefônica Vivo e Vikstar firmaram acordo no TRT do Piauí. Ali, todos concordaram que a Vivo repassaria valores à Vikstar para a realização dos desligamentos de funcionários. Ao todo, 9,5 mil pessoas serão demitidas.

Os repasses se baseariam em uma lista que, conforme os termos do acordo, deveria ser elaborada pela Vivo. O Tele.Síntese apurou, no entanto, que a lista foi repassada à operadora pela própria Vikstar.

Ainda em maio, a empresa de call center começou a desmobilização de pessoal pela unidade de Londrina (PR). Ou seja, iniciou as demissões dos funcionários para encerramento das atividades no local. Neste momento, o pessoal do administrativo foi informado que não poderia aderir ao PDI por não constar da lista.

É de entendimento desse grupo de funcionários administrativos que o acordo abrange todos da Vikstar, visto que a Vivo era a única clientes. Segundo eles, que falaram com o Tele.Síntese na condição de manter o anonimato, não só não puderam aderir aos benefícios do PDI, como também se depararam com FGTS e INSS em atraso. Além do acerto da rescisão pendente, não receberam o salário de maio, último mês trabalhado. “A situação está insustentável. Sem salário, sem rescisão, está complicado”, resume um empregado.

Segundo o call center, o problema abrange 1.187 pessoas. Estas não aparecem na lista de quem pode aderir ao PDI. “A Vikstar não se isenta de responsabilidade em momento nenhum. Mas é preciso deixar claro que o instrumento [acordo] foi feito tendo como base valores que serão adiantados pela Vivo à Vikstar. A lista tem necessidade de ajustes, o que faz com que 10% dos trabalhadores não estejam contemplados no PDI”, afirma João Augusto Ferreira, sócio do BNZ Advogados, responsável pela área de reestruturação de dívidas em solvência do escritório contratado pela Vikstar.

A Vivo afirma que cumpriu o acordado com base nos dados repassados pela Vikstar. “O critério fixado no acordo firmado entre a Vikstar, Sindicatos e Telefônica visou contemplar os colaboradores da VIKSTAR alocados na atividade de call center e televendas da operação da Telefônica, colaboradores estes informados pela própria VIKSTAR ao longo da vigência do contrato com a Telefônica”, escreve a operadora.

Segundo Valmira Luzia da Silva, diretora do Sintratel-SP, sindicato que representa os funcionários da Vikstar, apenas no estado de São Paulo há 12 pessoas, de 2,6 mil, que integram a lista do PDI, mas não receberam o pagamento realizado no começo deste mês.

O sindicato fará um levantamento ao longo das homologações das demissões de quem recebeu de fato os valores via PDI, de quem não recebeu via PDI, mas deveria, e de quem não recebeu nada. De quem estava no PDI e não recebeu, o sindicato quer comprovantes de depósito da Vikstar ou justificativa para o não pagamento.

No caso das pessoas que ficaram de fora da lista de quem pode aderir ao PDI, o sindicato quer também saber o motivo e que sejam incluídos.

“A Vikstar pode comprovar facilmente que todos trabalharam para a Vivo apresentando a folha de pagamento que mandava para a Vivo, relatórios de trabalho, de monitoria. Onde estão esses documentos? Existe uma falha administrativa na Vikstar, e por isso estamos com dificuldade de ajudar nossos colegas”, afirma Valmira da Silva, que também é responsável pelas negociações entre o sindicato e as empresas.

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Rafael Bucco

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