Pelo segundo ano, empreendedorismo cai no Brasil

Quase metade (48,9%) dos brasileiros que empreenderam em 2021 afirmaram ter investido em um negócio em busca de uma fonte de renda.
Pelo segundo ano, empreendedorismo cai no Brasil - Crédito: Freepik
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Após ter perdido 9,4 milhões de empreendedores ao longo de 2020, o Brasil voltou a registrar queda da taxa nacional de empreendedorismo total em 2021. Segundo o relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizado pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade, o número de pessoas entre 18 e 64 anos de idade que, no ano passado, tinham seu próprio negócio formal ou fizeram algo para abri-lo não passou de 43 milhões. Um ano antes, este resultado chegava a 44 milhões. E em 2019, a 53,4 milhões de pessoas.

Apesar de “ligeira” se comparada à de 2020, a queda verificada no último ano foi suficiente para que, em 2021, a Taxa de Empreendedorismo Total (TTE) chegasse ao patamar mais baixo desde 2013. A taxa indica o percentual da população adulta ocupada como empreendedor. Em 2021, a proporção foi de 30,4%, contra 31,6% em 2020 e 38,7% em 2019, quando foi registrado o mais alto índice após 2015 (39,3%).

Apesar do resultado negativo, o Brasil ascendeu duas posições no ranking global em termos de taxa de empreendedorismo total, subindo do sétimo lugar ocupado em 2020, para o quinto lugar em 2021, ficando atrás apenas da República Dominicana (45,2%); Sudão (41,5%); Guatemala (39,8%) e Chile (35,9%). Entre 47 países listados no relatório, o Canadá ocupa o oitavo lugar das nações com maiores taxas de empreendedorismo (27,4%); os Estados Unidos a 14ª posição (24,5%) e a Noruega o último lugar, com apenas 6,6% da população adulta empreendendo.

Empreendedores Estabelecidos

Um dado considerado positivo pelo Sebrae foi a volta do crescimento dos chamados empreendedores estabelecidos, ou seja, aqueles que estão à frente de um negócio há mais de 3,5 anos. Após dois anos em queda, a taxa teve um incremento de 1,2 ponto percentual e passou de 8,7% da população adulta, em 2020, para 9,9%, em 2021.

Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, o dado revela que parte dos empreendedores que abriram uma empresa pouco antes do início da pandemia de covid-19 conseguiu sobreviver às consequências econômicas da crise sanitária. Em parte, graças a políticas públicas de acesso ao crédito, como o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), e de iniciativas como o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm).

“Essas iniciativas deram mais fôlego para os empreendedores e permitiram que eles sobrevivessem aos impactos da pandemia. Esses programas foram essenciais para que muitas empresas se mantivessem abertas”, disse Melles ao apresentar a jornalistas o resultado da pesquisa.

Já a Taxa de Empreendedorismo Inicial (TEA), formada por quem abriu um negócio há menos de 3,5 anos e também por quem realizou alguma ação para ter seu próprio empreendimento ou o tinha inaugurado até três meses antes da data da pesquisa, recuou 2,4 pontos percentuais, passando de 23,4%, em 2020, para 21%, em 2021. Isto, apesar dos chamados empreendedores nascentes (os do segundo grupo, que tomaram alguma iniciativa para se tornar dono de um negócio), isoladamente, terem se mantido no mesmo patamar do ano anterior – o que, segundo o Sebrae, “evidencia que ainda há muitas pessoas procurando o empreendedorismo como alternativa de ocupação”.

Maior escolaridade, renda parecida

Por outro lado, o relatório também aponta que, em 2021, diminuiu a taxa de empreendedorismo por necessidade. Enquanto em 2020, 50,4% dos entrevistados afirmaram ter investido em um negócio em busca de uma fonte de renda, no ano passado este percentual recuou para 48,9% – terceiro maior percentual da série histórica (55,4% em 2002 e 50,4% em 2020).

Além disso, a pesquisa aponta que os novos empreendedores têm maior grau de escolaridade que aqueles que os precederam neste setor, pois ao menos 28,5% dos entrevistados concluíram o ensino superior (em 2020, eles eram 24,4%).

O aumento da escolaridade, contudo, ainda não se reflete em um maior ganho de renda: 57% dos empreendedores ganharam, em 2021, menos de três salários-mínimos. Em 2019, eram 52%. Na outra ponta, 10% deles afirmaram ganhar mais de nove salários-mínimos. Em 2020, eram 10,3%.

(com Agência Brasil)

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Redação DMI

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