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Para rentabilizar a rede, Sercomtel busca parcerias

Operadora com presença em 95 municípios do Paraná, Sercomtel pretende rentabilizar a rede no modelo de parcerias.

Christian-Schneider

Operadora controlada pela prefeitura de Londrina, a Sercomtel já não é mais só uma empresa de serviços de telecomunicações municipal. Já atende a 93 municípios do estado do Paraná, 14 dos quais com rede própria e os demais por meio da rede da Copel Telecom, também sua acionista. Além dos municípios de Londrina e Tamarana, onde é concessionária. Para garantir sua sobrivência, a empresa tem duas estratégias: investir no seu crescimento e rentabilizar a rede por meio de parcerias.

“Não cometam o mesmo erro que a Sercomtel cometeu quando as grandes operadoras começaram a chegar em Londrina. Não fizemos parceria para preserva nossa base de assinantes, e acabamos perdendo clientes da mesma forma, especialmente na telefonia móvel”, disse Christian Schneider, presidente da operadora, ao propor parcerias para os provedores regionais de acesso à internet e serviços de telecomunicações no evento Provedores Regionais, realizado em Londrina no dia 26 de janeiro pela Bit Social.

Schneider quer vender serviços para os provedores regionais ampliar o seu portfólio, como o de telefonia fixa, que muitos ainda não oferecem, transporte ao PTT (Ponto de Troca de Tráfego), atendimento ao cliente, entre outros. Ele está convencido de que há espaço para as pequenas empresas, especialmente onde as grandes operadoras não chegam. “O serviço de telefonia móvel requer escala, mas muitos dos demais serviços são de nicho e podem ser suportados pelas pequenas operadoras, cujo diferencial é o atendimento de qualidade”.

Nesta entrevista ao Tele.Síntese, Shneider fala dos planos da empresa para fortalecer sua operação e se manter no mercado. “A Sercomtel não é uma competidora dos grandes palyers, mas também não é competidora dos provedores regionais. Temos que nos fortalecer através de parcerias”, acredita ele.

Tele.Síntese – Você propôs parcerias aos provedores regionais do Paraná? O que podem fazer juntos?
Christian Schneider – Temos uma infraestrutura e oferta de serviços que permitem aos provedores regionais ampliar o seu portfólio próprio de serviços. No segmento da internet, temos Transporte ao PTT, Trânsito IP e Peering, Transporte IP. Por meio da Sercomtel Participações, controlamos o Sercomtel Contact Center, que oferece serviços diversos, como 0800, atendimento no call center, autoatendimento URA e serviço de colocation em dois sites. Além disso, é claro, nos interessa fornecer o serviço de telefonia fixa, do qual muitos provedores regionais ainda não dispõem em seu portfólio.

Tele.Síntese – Como é possível a uma operadora pequena do porte da Sercomtel sobreviver num mercado de gigantes?
Schneider – Nosso diferencial está na qualidade do serviço prestado ao cliente e na força regional. Dos 93 municípios onde atuamos como autorizatária, a concessionária é a Oi e o nosso serviço é muito melhor. Em cinco deles, a GVT também está presente. Assim, em geral temos como competidor a Oi e o pequeno provedor. Com este, quero fazer parceria.

Tele.Síntese – Você mencionou como diferencial a força regional. Os planos de expansão da operadora vão além das fronteiras do Paraná?
Schneider – Este ano queremos expandir nossa atuação para mais 30 municípios com rede própria em fibra óptica, usando a tecnologia GPON estruturado. Para isso, vamos ao mercado financeiro para captar R$ 75 milhões.

Tele.Síntese – Todas essas 30 cidades são no Paraná?
Schneider – Nosso foco são cidades com mais de 20 mil habitantes num raio de 150 quilômetros de Londrina. Assim, pretendemos entrar no Oeste de São Paulo. Entre essas 30 cidades estão Presidente Prudente, Assis e Ourinhos.

Tele.Síntese – A Sercomtel passou por grandes dificuldades há três, quatro anos, até com monitoramento da Anatel e correndo risco de uma intervenção. Essa fase ficou superada?
Schneider – De fato, a situação ficou muito difícil, quando a empresa chegou a um prejuízo de R$ 65 milhões, colocando em risco o equilíbrio econômico-financeiro da concessão [a Sercomtel é concessionária em Londrina e Tamarana, no Paraná]. Eu entrei na empresa em 2013 e começamos a reverter a situação, com a regularização do fluxo de caixa. Em 2014 conseguimos um pequeno lucro de R$ 7 milhões e, em 2015, a empresa também vai registrar lucro. Os números estão sendo fechados. E não temos endividamento.

Tele.Síntese – Vocês têm até abril para assinar a renovação do contrato de concessão. E tanto a Sercomtel como a Algar Telecom vivem uma situação especial de contrato com reversibilidade dos bens, sendo que seus bens nunca foram da União. Os da Sercomtel eram do muncípio de Londrina e da Algar Telecom, de um grupo privado. Como fica essa questão?
Schneider – Nós estamos aguardando a proposta da Anatel, que pode contemplar alguma mudança no modelo. Se for mantido o conceito de propriedade, eu não vou poder assinar uma renovação sob risco de improbidade administrativa, pois a rede era do município de Londrina, portanto não pode ser reversível para a União a não ser que ela indenize o município. Mesmo para a posse precária, precisaria ter havido a aprovação de uma lei autorizativa pela Câmara Municipal de Londrina, o que não aconteceu.

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