Para a Oi, proibir Huawei no Brasil pode atrasar a 5G

Executivo da companhia diz que restrição, caso imposta, afetará preços e lembra que todas as teles têm contrato com a fornecedora

A Oi anunciou hoje, 7, a implantação de uma rede piloto 5G na cidade de Brasília (DF). O projeto, embora comercial, tem o papel de testar a viabilidade da tecnologia, preparar recursos humanos e avaliar o perfil da demanda. O fornecedor escolhido para esse passo rumo ao que o setor cogita ser uma nova era das telecomunicações móveis foi a Huawei.

A cobertura da rede abrange, inclusive, a Esplanada dos Ministérios e os Três Poderes. Nesses prédios, integrantes do governo cogitam deixar a Huawei de fora do fornecimento de redes 5G no país, no entanto. Em diferentes ocasiões, o próprio presidente Jair Bolsonaro afirmou que o tema é alvo de análise, e disse que a questão deve ser vista não apenas sob o ângulo comercial, mas também sob as óticas da soberania, segurança nacional e política externa.

O governo de Donald Trump, dos Estados Unidos, com o qual o Itamaraty prega alinhamento, vem fazendo pressão para que Brasil e outros países vedem a Huawei de participar do mercado de infraestrutura 5G. E obteve sucesso em alguns casos, como na Austrália e no Reino Unido. Outros países, recentemente, sinalizaram que podem adotar medidas contra a fabricante, entre os quais Alemanha e Itália.

A posição brasileira, por enquanto, ainda é desconhecida. Para as operadoras, no entanto, a definição é fundamental. Todas utilizam equipamentos da Huawei em suas redes móveis e testam tecnologia chinesa 5G.

Bernardo Winik, vice-presidente de clientes da Oi, falou hoje ao Tele.Síntese que uma eventual interferência na liberdade das operadoras de escolher fornecedores de rede terá consequências negativas para a chegada da 5G ao Brasil.

“Todas as operadoras usam Huawei. A nossa posição é de que quanto mais concorrência, melhor. Ter mais fabricantes concorrendo abre a possibilidade de fazer uma expansão muito mais rápida, e traz a vantagem do menor preço para o consumidor”, alerta.

O executivo lembra que a Oi tem negócios com Huawei, mas também com Ericsson e Nokia, que juntos, são os três maiores fornecedores de redes móveis do planeta. “Não temos partido nessa história. Mas uma eventual proibição seria maléfica para a 5G e traria problema [para a implantação da rede]”, concluiu.

Durante o Painel Telebrasil, realizado na semana passada, um representante da Comissão Europeia defendeu que o governo brasileiro trabalhe com a União Europeia e os Estados Unidos para viabilizarem uma solução que não resulte em restrições de mercado, mas em políticas de segurança para as novas redes.

O leilão de espectro 5G no país está previsto para acontecer no final do primeiro semestre de 2021.

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Rafael Bucco

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