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Leilão

Pandemia vai alterar as condições do edital do 5G, afirma Morais

Presidente da Anatel acredita que devem ser impactados os preços de referência e a abrangência dos compromissos de investimentos que serão demandados das operadoras
Cadete e Leonardo no Painel TeleBrasil

A pandemia vai afetar também as condições do edital do leilão das frequências para o serviço de telefonia móvel de quinta geração, o 5G, além de já ter adiado ao primeiro semestre de 2021 o evento previsto para o final deste ano.

Foi o que afirmou hoje, 22, o presidente da Anatel, Leonardo Euler de Morais, no evento online Painel TeleBrasil 2020, ao comentar o impacto da crise provocada pelo novo coronavírus na implantação da nova tecnologia. Ele participou do debate sobre o “Desafio do regulador com o 5G”, juntamente com João Cadete Mattos, presidente da Anacom, entidade reguladora do setor em Portugal, que lançará em outubro o edital do 5G.

“A pandemia do coronavírus afetou não apenas o cronograma do edital do 5G, mas  certamente impactará as próprias condições editalícias. Tanto nos preços de referências e, por consequência, a abrangência dos compromissos de investimentos que serão demandados das operadoras”, declarou.

 Variáves

Morais comentou que a precificação do direito de uso de radiofrequência envolve algumas variáveis que serão importantes no modelo de negócios, que foi hipoteticamente construído para fins de valoração da faixa.

“Por exemplo, o Capex projetado é bastante  impactado por questões associadas à variação cambial. O custo médio ponderado de capital, tanto o próprio quanto o de terceiros, são impactados, e as receitas projetadas. As condições econômicas afetam essas variáveis estruturais do modelo, e tudo isso será refletido no edital”, ponderou.

Para Leonardo, a implantação do 5G no Brasil é impactada de acordo com o horizonte temporal de análise. “No curto prazo, é impactada negativamente em razão da desaceleração econômica, tanto pelas  condições da cadeia de suprimento que afetam a oferta, quanto pelo impacto na demanda”, analisou. 

Construção adicional

Para que a conectividade 5G decole, é preciso uma construção adicional que passa pelo aprimoramento de softwares, produção de hardware, handsets, chipsets. “Essa cadeia de valor foi de algum modo impactada, o que importa danos colaterais em termos de disponibilidade de equipamentos e da maturidade do ecossistema”, acredita.

Em relação às condições de demanda, também no curto prazo, Leonardo avaliou que poderá ter retração de demanda ou de demanda potencial do consumidor. “Mesmo quando mais handsets compatíveis com o 5G estão disponíveis, os consumidores podem perceber esse novo hardware como um item interessante porém não essencial”, disse. 

Acrescentou, porém, que já a  médio e longo prazo,  as redes 5G, com seu potencial transformacional, podem acelerar, à medida que os casos de uso demonstrem o valor dessa conectividade. Apontou ainda que a atual crise é reveladora da efetividade de soluções digitais que precisam ser viabilizadas, como a telemedicina.

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