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Pandemia freou o crescimento das teles na América Latina

Expansão neste ano será de 0,6%, depois dos 5,5% registrados em 2019. Até 2025, expansão anual vai girar em torno do 1%, alerta entidade, enquanto países buscarão se recompor da crise econômica.

A crise econômica derivada da pandemia de Covid-19 afetou o faturamento de todas as teles da América Latina. Conforme o relatório divulgado hoje, 1º, pela GSMA, associação mundial que representa operadoras móveis, o setor vai crescer apenas 0,6% na região neste ano de 2020. Ou seja, uma fração do que cresceu em 2019, quando a expansão foi de 5,5%.

No ano passado, o setor gerou receitas de US$ 58,8 bilhões na região. Neste ano, espera-se que o montante seja de US$ 59,2 bilhões.

A GSMA alerta ainda que os reflexos dessa retração vão perdurar pelo menos até 2025. Em 2021 espera-se crescimento de 1,6% das receitas, mas depois essa expansão vai esfriar ano a ano, ficando em toro de 1%, como se vê no gráfico abaixo.

A retração das receitas neste ano se deve aos descontos oferecidos pelas operadoras móveis e bônus em serviços a fim de manter a conectividade da população em meio à crise, diz a GSMA. Também pesaram aumento do uso da banda larga fixa durante o isolamento, queda das receitas com venda de aparelhos por conta do fechamento temporário das lojas, e retração dos gastos do consumidor em virtude do aumento do desemprego.

Os mercados com mais clientes pré-pagos foram os mais atingidos, ressalta a entidade. Que resume: “Embora o crescimento da receita ainda fique em campo positivo, a previsão é que será de dígitos baixos por anos a fio, enquanto as economias continuarem a sentir os efeitos do baque resultante da pandemia”.

Durante painel do evento GSMA Thrive Latin America nesta terça-feira, no qual foi lançado o relatório, Jose Juan Haro, Chief Wholesale and Public Affairs Officer da Telefónica e integrante da diretoria da GSMA, ressaltou que algumas operadoras mantiveram fluxo de caixa positivo na região, mas há casos de queima de caixa em função da forte queda nas receitas, o que ameaça a sustentabilidade do segmento.

“A crise que golpeou os países da região, golpeou também as finanças das operadoras da região. Muitos estão operando com margem EBITDA de 20%, e outras estão com fluxo de caixa negativo. Este é o momento da indústria. Se esta realidade não for atendida, não teremos recursos, e a exclusão digital continuará a existir na região”, vaticinou.

Investimentos

O relatório aponta ainda que o investimento das operadoras (Capex) vai mudar de foco nos próximos anos, como é de se esperar em função da chegada da 5G. Neste ano, as operadoras móveis latino-americanas vão destinar US$ 13,6 bilhões em aportes na rede, dos quais, 26% serão para 5G, e 74% para outras tecnologias.

Em 2025 será uma proporção bem distinta: do Capex previsto de US$ 14,7 bilhões na região, 84% irá para a 5G, e 16% para outras tecnologias.

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