País precisa de redes de fibra óptica para crescer em produtividade, avalia pesquisador

Frederico Turolla, da ESPM, vê erro histórico na expansão da malha de cobre e diz que relação investimento/PIB do setor de telecom deveria aumentar mais 0,2 p.p. para acelerar implantação de fibra óptica

Os sucessivos governos brasileiros erram em como lidam com o desenvolvimento no setor de telecomunicações, segundo o economista Frederico Turolla, pesquisador e professor da ESPM. Ele lembra que o setor é parte essencial da economia e a escolha em incentivar a adoção do cobre no passado contribuiu para o Brasil perder em produtividade.

“Focamos em cobre, e hoje temos uma infraestrutura de rede fixa muito ruim. É um erro pensar agora que cobrir o país com redes sem fio resolve o problema da conectividade, quando redes físicas são o que geram ganho de produtividade. O que vai gerar produtividade é a conexão de última geração em backbone e backhaul”, observa.

Com base em dados históricos do IBGE, Turolla mostra que o investimento no setor de telecomunicações equivaleu a 1,9% do PIB em 2001. Em 2015, este montante foi de 0,5%. A queda, no entanto, não deve ser vista como algo ruim. “Em 2001 o valor foi alto pois ainda se promovia a atualização tecnológica e renovação [das redes devido às privatizações]”, analisa.

Ele diz que o patamar de hoje ainda é adequado, embora o ideal fosse um aumento de ao menos 0,2 p.p. na proporção do setor no investimento em relação ao PIB. Dinheiro que deveria vir a partir de revisão de políticas de governo para incentivar a implantação de fibra óptica nas cidades, mas não de isenções – que considera formas de transferência de riqueza da população mais pobre para as empresas. O professor falou hoje, 21, a jornalistas em São Paulo sobre os desafios para crescimento do país a partir de investimentos em infraestrutura e produtividade.

Turolla - agenda microeconomica
O gráfico mostra a evolução do investimento em infraestrutura no país em relação ao PIB.
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Rafael Bucco

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