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Desempenho

OMC e 700 Mhz: preocupações dos fornecedores de telecom para 2017

Eles perderam 15% da receita em 2016 com redução do Capex das operadoras. No segmento de telecom para o consumidor final, celulares venderam menos unidades, mas aumento do preço elevou faturamento.

shutterstock_ gui jun peng_Infraestrutura_concessionaria_operadora_posteOs fabricantes de equipamentos de infraestrutura de telecomunicações estão preocupados com o ano que virá. O temor é que, mesmo com um novo marco legal, outros problemas possam atrapalhar a retomada. As principais questões dizem respeito à decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) de obrigar o Brasil a rever suas políticas de incentivo industrial e ao ritmo de liberação da faixa de 700 Mhz para as operadoras de telefonia móvel.

Aluizio Byrro, vice-diretor de telecomunicações da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) e executivo da Nokia, repete argumento das fabricantes durante a Futurecom 2016, de que se o Brasil retirar os benefícios fiscais presentes da Lei de Informática, faltarão motivos paras as multinacionais manter fábricas locais. “Sem a lei de informática e o REPNBL a produção no Brasil torna-se quase impossível. Produz-se aqui ainda porque tem uma certa reserva de mercado. Mas o volume está muito baixo, então precisamos que o volume cresça”, afirma.

O alarme também soa em relação à limpeza da faixa de 700 MHz, espectro que era das emissoras de TV aberta e que passará a ser usado pelas operadoras de telefonia móvel. Segundo Byrro, os atrasos que vêm acontecendo na liberação dessa faixa emperra investimentos importantes para as fornecedoras. “Em 2017 possamos ter um fato positivo com a entrada das redes de 700 MHz. Mas, com o dividendo digital adiado, jogou para lá em mais seis meses a liberação. As novas redes infelizmente vão atrasar”, diz.

A postergação é especialmente ruim porque se soma à redução do Capex das operadoras acontecido este ano. “Este ano não vamos chegar nem ao patamar do ano anterior. É otimista dizer que o crescimento da receita com infraestrutura de telecomunicações vai ficar no zero em 2017”, ressalta.

Nem tudo foi ruim em 2016, no entanto. Paulo Castelo Branco, diretor da área de telecomunicações da Abinee e executivo da NEC, diz que houve avanços este ano que podem ajudar a reaver receitas no próximo. “Primeiro, a revisão do modelo de telecomunicações vai trazer melhor relação entre investimentos e retorno para as operadoras. A reversibilidade de bens também está sendo resolvida, o que pode dar um alento se for de fato permitida a troca dos bens por investimentos. Além disso, quanto à internet das coisas, o governo se mostra disposto a regular o segmento até março“, enumera.

A indústria de telecom em 2016
Os fabricantes de produtos de telecomunicações, infraestrutura e celulares, registraram uma retração de 3% no faturamento em 2016, comparado a 2015. A receita total no ano ficou em R$ 27,46 bilhões. Os números são preliminares, uma vez que dezembro ainda não chegou ao fim. Com tal valor, telecom passou a ser o principal segmento, em receita, da indústria eletroeletrônica no Brasil, desbancando o de informática.

A retração de 3% não mostra, porém, a completa realidade. O número veio baixo porque a receita de celulares cresceu 2% e segurou o resultado ruim das fabricantes de equipamentos de infraestrutura, que encolheram 15% em 2016 em relação a 2015 devido ao menor investimento das operadoras.

Mesmo o crescimento do faturamento com celulares não reflete aumento nas vendas, apenas do ticket médio gasto pelo consumidor. O ano deve se encerrar com 46,1 milhões de celulares fabricados, sendo 91% deles smartphones. Em 2015, foram produzidos 51,3 milhões de unidades, e em 2014, 70 milhões.

Por conta do apelo ainda percebido nos smartphones, esse produto vai continuar a puxar o setor de telecomunicações em 2017. A previsão é de aumento de 4% na receita com estes aparelhos, enquanto a receita com infraestrutura permanecerá estável.

 

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