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Justiça

Oi prevê terminar o ano com R$ 1,5 bi em caixa

Oi diz que tem a receber R$ 12,6 bilhões este ano, mas precisa pagar R$ 15,82 bilhões. E que o passivo total em disputa alcança R$ 43,7 bilhões

Ao pedir nova recuperação judicial às 23h51 da quarta-feira, 1º, março, a Oi entregou uma série de documentos para demonstrar a periclitante situação da empresa. Um dos documentos é uma tabela simples, que resume a projeção do fluxo de caixa para 2023 e mostra que, se pagar fornecedores e realizar investimentos essenciais, encerraria o ano com apenas R$ 1,49 bilhão.

Considerado os dados apenas do terceiro trimestre de 2022, quando a companhia registrou despesas de R$ 3 bilhões, é possível estimar que operação em 2024 ficaria comprometida.

Nas alegações apresentadas à Justiça para a nova recuperação judicial, a Oi enfatiza que busca preservar o funcionamento operacional do negócio.

Atualmente, aponta a tabelinha, a Oi tem R$ 3,13 bilhões em caixa. Tem a receber, com a venda de ativos feitas no passado e dos serviços ao consumidor, R$ 12,6 bilhões. Mas precisa fazer pagamentos da ordem de R$ 15,82 bilhões. Com isso, teria uma geração de caixa negativa de R$ 3,21 bilhões.

Como tem ainda a receber recursos de operações “non core” e financeiras, (R$ 494 milhões e R$ 1 bilhão respectivamente), conseguiria terminar o ano com algum dinheiro em caixa, embora pouco para garantir a sustentabilidade no ano seguinte.

Daqueles R$ 15,82 bilhões em pagamentos que precisa realizar, R$ 11,63 bilhões são para fornecedores.

Endividamento

No pedido de recuperação protocolado, a Oi explica que tem R$ 29 bilhões em dívidas financeiras com bondholders, bancos nacionais e ECAs (bancos internacionais de fomento). Diz que o endividamento aumentou em R$ 7 bilhões desde 2018 graças à depreciação do real frente o dólar desde então.

Explica que o passivo concursal, ou seja, o endividamento total em disputa e que deseja abarcar pela recuperação judicial, alcança R$ 43,7 bilhões. Na primeira recuperação, pedida em 2016, era de R$ 65 bilhões.

Desse montante, R$ 1 bilhão é devido a trabalhadores e fundo de pensão. Outros R$ 42,59 bilhões são aos credores Classe III quirografários, entre os quais se encontram bondholders, bancos nacionais e ECAs. E há outro grupo menor, a quem a tele deve R$ 95,39 milhões.

Novo plano

A Oi diz no documento (veja a íntegra) que segue negociando com os credores uma forma de reduzir o endividamento. Mesmo assim, avisa que se não conseguir, vai apresentar novo plano de recuperação judicial em 60 dias para a Justiça aceitar o pedido de nova recuperação judicial.

A empresa solicita que a Justiça impeça a liquidação de seguros e cartas de fiança pelos credores junto a bancos garantidores. “A liquidação das garantias apresentadas nos autos de execuções contra as Requerentes, significaria colocar em risco o sucesso do processo de soerguimento do Grupo Oi”, afirma a companhia nos autos.

Além do aceite de nova recuperação, com suspensão de todas as cobranças dos credores atuais, a Oi pede que os administradores judiciais sejam o escritório AJ Wald e a K2 Consultoria Econômica.

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