Com novos planos, Oi quer mostrar que operação segue intocada apesar da RJ

Para diretor da companhia, mercado está mais racional e empresas não vão entrar em disputa por preço no pré-pago. Em vez disso, foco será experiência do usuário para aumento da receita

Com o lançamento de planos pré-pago e controle que usam nova tecnologia para o autoatendimento dos clientes, a Oi quer transmitir uma mensagem ao mercado: a operação segue normalmente, apesar da recuperação judicial e das acirradas negociações financeiras pela qual o grupo passa desde meados de 2016.

“Tem 1% [de funcionários] da companhia resolvendo a RJ, os outros 99% estão como normalmente, focados na operação da Oi. Até porque os credores só vêm solução se a companhia estiver gerando caixa e ganhando clientes”, afirmou o diretor de varejo da empresa, Bernardo Winik.

Bernardo_Winik-oi-livre-digitalEle procurou salientar os índices positivos que a empresa colheu em 2016, apesar de ter registrado prejuízo R$ 7,1 bilhões. Mostrou slides nos quais destacou o fato de ter sido a única grande operadora (entre Vivo, Claro e TIM) a adicionar clientes em TV paga; o crescimento da base de clientes do pacote convergente Oi Total (fixo, móvel, banda larga e TV), que ultrapassou 1,11 milhão de clientes em março, após um crescimento de quase 10% em seis meses; e a redução das reclamações na Anatel, no Procon ou em Juizados Especiais.

Também destacou a queda no ritmo de desconexão de telefones fixos. Enquanto em 2015 foram 1,07 milhão de linhas desligadas, em 2016 o número encolheu 47%, para 568 mil. “Em 2016, pela primeira vez na história da Oi tivemos resultado positivo no segmento residencial”, ressaltou. O crescimento em receita, comparado a 2015, foi de apenas 0,1%, mas suficiente para representar uma guinada, na opinião do executivo.

Some a tudo o crescimento de receita com serviços de valor adicionado, que passou de R$ 1 bilhão ano passado, e aumento da demanda por dados (o consumo aqui cresceu 375% desde 2013), e teremos os motivos de Winik para considerar que a operação entrou em uma rota saudável.

Estratégia
Por trás da nova oferta está a estratégia da companhia, iniciada em 2014, de ser mais que uma empresa de conectividade. O objetivo, desde aquele ano, tem sido focar na experiência de uso. Começou com a simplificação do portfólio em 2015, aumento das franquias de dados, investimento em conteúdo e corte de gastos. O arcabouço para isso seria, conforme Winik, a transformação digital.

Para os novos planos, a companhia contratou a Ericsson e a MobiCare. A primeira fez a integração do aplicativo Minha Oi com os sistemas de cobrança e de rede da operadora. A segunda, desenvolveu o aplicativo para que permitisse a gestão, em tempo real, do consumo de dados e voz.

No caso dos planos controle, a Oi segue a tendência de concorrentes que juntaram a seus pacotes ofertas zero-rating. O cliente que usar o novo Controle terá acesso, sem desconto na franquia, ao app Oi Toca Aí, de música, desenvolvido pela PontoMobi; ao Oi Cloud, criado internamente pela companhia; e ao Oi Gastronomia, criado pela Bemobi.

Pré-pago
As ofertas anunciadas hoje colocam o pré-pago, principal produto móvel da tele, em definitivo na era digital. O aplicativo Minha Oi tem 3 milhões de usuários, cada vez mais ativos. Em dezembro, eles faziam 3 milhões de transações na ferramenta. Em fevereiro, foram 5 milhões. Com o Oi Livre e Controle digitais, a oportunidade percebida é de levar o atendimento físico para a ponta dos dedos dos clientes, reduzindo, em muito, o gasto com centrais de atendimento – embora a empresa não revele expectativas quanto a isso.

Afirma que o pré-pago, embora encolha mês após mês no país, segue forte como principal fonte de receita móvel. Conforme Winik, a ideia dos planos digitais é atrair os clientes da concorrência, sem que a empresa tenha de entrar em uma guerra pela oferta mais barata. “O mercado está mais racional, não vai fazer o movimento de disputa por preços como no passado. Nosso objetivo aqui é conquistar revenue share”, afirmou.

Segundo ele, a Oi ajustou a “régua” para desligamento de chips inativos, o que explica a redução na base de clientes pré-pagos em fevereiro. Os critérios devem continuar restritivos ao longo do ano, mas a empresa aposta em melhora no nível de emprego para recuperar usuários. “Além de atrair clientes das outras, estamos trabalhando muito para fazer a migração de quem é pré hoje para controle, e do controle para o pós. Nossos concorrentes já tem planos controle com fatura, teremos também até o final do trimestre”, ressaltou.

Ponto sensível, a base de feature phone (2,4 milhões) pode prejudicar a atração de clientes aos novos planos. Mas a empresa diz que vai resolver a questão. O sistema de controle instantâneo de franquia vai funcionar via site móvel, e será compatível com celulares simples, mas tenham conectividade com internet. Para os que não conseguem esse acesso, em quatro semanas, poderão usar o site da tele no desktop – e destinar, por exemplo, 100% do consumo dos créditos a voz e SMS.

Atualmente, a Oi tem 48% dos clientes pré-pagos usando o Oi Livre, lançado em 2015. A nova oferta também deve impulsionar essa migração de planos antigos, e promover o aumento do consumo de dados entre os donos de smartphones. A expectativa da empresa é que ainda neste trimestre a base 4G supere a 2G, e que em oito a nove meses, o 4G tenha mais clientes que o 3G.

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Rafael Bucco

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