Nokia suspende participação na Aliança Open Ran

Fabricante diz que segue comprometida com o padrão Open Ran, mas aguarda solução por parte da Aliança quanto à inclusão de três empresas chinesas integrantes do grupo à lista de ameaças à segurança nacional dos Estados Unidos

A Nokia decidiu suspender temporariamente sua participação da Aliança Open Ran (O-RAN Alliance, como é chamada em inglês). A companhia explica, em comunicado, que a medida se deve à inclusão de três empresas associadas à entidade na lista de ameaças à segurança nacional do governo dos Estados Unidos.

No caso, as empresas que acenderam ao sinal amarelo na Nokia foram as chinesas Inspur, Kindroid e Phytium, conforme o site de notícias Politico reportou no fim de semana. Todas entraram em julho para a lista de banimento dos EUA. Elas seriam usadas como fachada pelo governo da China para a aquisição de tecnologia utilizada na modernização de seu exército.

Há o temor de que tal relacionamento possa resultar em sanções à fabricante finlandesa. Integram a aliança ainda as operadoras globais Telefónica (dona da Vivo no Brasil), TIM (dona da TIM Brasil), AT&T, China Mobile, Orange, Verizon, Vodafone, Bharti, KDDI, para citar algumas.

Em seu comunicado, a Nokia explica que não deixou de se comprometer com o Open Ran. Mas suspendeu as contribuições técnicas à O-RAN Alliance até que o grupo analise a situação dessas empresas e decida o que deve ser feito.

“O compromisso da Nokia com o Open Ran e a Aliança Open Ran, da qual somos o maior fabricante a aderir, segue forte. Neste estágio, apenas suspendemos a atividade técnica junto à Aliança porque alguns participantes foram incluídos na lista de entidade [proibidas] dos EUA e é prudente para nós dar tempo para que a Aliança analise e chegue a uma solução”, diz a nota da Nokia, na íntegra, enviada ao Tele.Síntese.

Vale lembrar que os grupos técnicos internacionais de padronização de tecnologia de redes, como 3GPP, contam com a participação de diversas empresas chinesas incluídas na lista de ameaças aos EUA. Uma delas, por exemplo, é a Huawei. Caso entidades de padronização comecem a se desmembrar em função da clivagem entre EUA e China, é possível haver rumos diferentes no desenvolvimento tecnológico nos próximos anos, o que levaria a aumento de custos para todo o setor e cadeia produtiva em função da alteração da escala da produção.

Curiosamente, a suspensão da Nokia na aliança pode ter um efeito nocivo para os interesses dos EUA, que tentam emplacar a tecnologia Open RAN como solução à predominância da China na tecnologia móvel. No caso, atrasar a chegada do modelo, que ainda é visto pela indústria como imaturo.

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Rafael Bucco

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