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No vermelho, Liq tenta reunir credores para suspender covenants

Companhia de contact center perdeu mais da metade da receita nos últimos anos com redução da demanda por parte das operadoras de telecomunicações, principalmente da Oi. Fitch vê risco de calote a partir de 2019.

A companhia de contact center Liq (antiga Contax) tenta evitar o desembolso financeiro antecipado a debenturistas. A empresa está convocando pela terceira vez no ano os detentores de títulos para assembleias que serão realizadas de 14 a 21 de setembro com a esperança de aprovar a suspensão dos covenants previstos nos contratos

As últimas assembleias, marcadas para ontem, terminaram sem decisão por falta de quorum. Outras já haviam sido marcadas em junho. A convocação diz respeito a detentores de títulos da 1ª, 2ª e 3ª emissão de debêntures, que soma R$ 963,4 milhões.

Pelos covenants, a empresa deveria pagar antecipadamente a dívida, ou parte dela, caso não atingisse índices financeiros pré-determinados. Sem dinheiro em caixa, no entanto, o pagamento seria um problema.

“A continuidade da dívida representada pelas Debêntures, conforme os prazos e termos da presentes na Escritura, é vital para a preservação dos negócios da Companhia e imprescindível para evitar efeitos adversos relacionados à aceleração dessa e de outras obrigações financeiras da Companhia”, diz a Liq, nas convocações.

Contágio pela Oi

Atualmente, a Liq tem cerca de R$ 132 milhões em caixa, gera prejuízo trimestral e EBITDA também negativo. A empresa tenta uma guinada operacional motivada pela forte perda de receita ocorrida nos últimos quatro anos.

Entre 2014 e 2018, o faturamento caiu pela metade, e deve fechar 2018 em cerca de R$ 1,5 bilhão – cifra menor que os custos operacionais. A companhia explica que a receita no período tombou devido à menor demanda de seus clientes e também por conta da “deterioração do cenário macroeconômico brasileiro”.

O endividamento alcança níveis alarmantes. Conforme projeções elaboradas pela empresa de análise de risco Fitch Ratings, a relação dívida líquida ajustada/EBITDAR (que inclui custos com reestruturação) chegará a 65,9 vezes no final de 2018, e cairá a 21,7 vezes ao fim de 2019, mas ainda será considerado elevado. Atualmente, a dívida total ajustada da empresa é de R$ 1,85 bilhão.

Segundo as projeções da Fitch, caso a geração operacional de caixa continue fraca, a Liq terá dificuldade de honrar o serviço de debêntures emitidas neste ano (cerca de R$ 1,04 bilhão) já em 2019.

A Fitch critica ainda, a concentração das receitas. Diz que é preocupante o fato de mais de metade do faturamento da companhia vir da prestação de serviços para a Oi. “A crise enfrentada pela empresa de telefonia nos últimos anos teve forte impacto na Liq”, ressalta a análise de risco.

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