Mudanças nos 4.9 GHz serão prejudiciais ao setor de satélites

Eutelsat e Sindisat afirmam que 5G em 4.9 GHz causa interferências sobre serviços das operadoras de satélites, cobram manutenção de banda de guarda e compensação.

Crédito Freepik

Da mesma maneira que a Oi apontou problemas na eventual destinação da faixa de 4.9 GHz para o serviço móvel, as operadoras de satélites também reclamaram da nova proposta apresentada pela Anatel.

Dizem que a extinção da banda de guarda entre o serviço móvel e serviços profissionais de satélite (FSS) alocados na Banda C Planejada – entre 4500 e 4800 MHz – trará grandes prejuízos às empresas e aos clientes desses serviços.

A Eutelsat é uma das que apontaram problemas. A empresa critica a nova proposta, que retira 40 MHz de banda de guarda entre o serviço móvel e o serviço satelital, como se vê no gráfico abaixo.

A Eutelsat é a principal usuário da Banda C Planejada, que explora através do satélite 65W. Chegou a defender no passado que emissoras de TVRO migrassem para esta frequência como solução para o dilema das interferência do leilão 5G ocorrido em novembro de 2021. No fim, ficou definida a migração para a Banda Ku, muito mais alta.

Agora, a Eutelsat diz que tem 5 mil clientes utilizando a faixa até 4,8 GHz. E que parte deles sofrerão interferências caso os 4,9 GHz sejam destinados às operadoras sem nenhuma banda de guarda. Diz que, sem guarda nenhuma, é certo que haverá problemas “insanáveis”, pois não existe filtro que resolva o problema.

“É importante ressaltar que essa banda de guarda não será um espectro desperdiçado, pois as redes fixas ponto-a-ponto operariam dentro desses 40MHz, permitindo condições satisfatórias de convivência com sistemas de satélite, assim como já acontece em parte da banda C planejada”, afirma a companhia.

Também afirma que a indústria móvel exagera a demanda futura que terá por espectro e que um eventual leilão dos 4.9 GHz no formato atual traria prejuízo financeiro às operadoras de satélite que exploram a Banda C Planejada.

E defende  que os custos relacionados à proteção contra a interferências deverão ser pagos pela Anatel, “ou pelas empresas aptas a operar tais serviços na faixa de frequências adjacente”.

Em resumo, pede que a agência:

  • Garanta uma banda de guarda mínima de 40 MHz;
  • Introduza limitações nos níveis de transmissão dos serviços móveis a serem implantados na banda adjacente ao FSS;
  • Defina uma distância mínima entre as estações FSS e dos serviços IMT.

Sindisat

O Sindisat enviou contribuição nos mesmos moldes. Afirma que a liberação da faixa de 4.800 MHz ameaça com interferências os serviços profissionais de satélite (FSS). Critica o fato de o problema ser semelhante ao registrado na elaboração do leilão do 5G, e que a Anatel esteja agindo antes mesmo de reunir informações sobre a ativação do novo sinal e reflexos práticos sobre o FSS.

No momento, diz, o sinal 5G ativado foi apenas na parte baixa da faixa de 3,5 GHz. A parte alta, mais próxima do sinal da Banda C, será liberado a partir do ano que vem. “Não se tem claro qual será o grau de perturbação proveniente da implantação das redes 5G nos serviços FSS quando houver a utilização das frequências assignadas aos lotes regionais, ou seja, quando a transmissão dos sinais 5G operar entre 3300MHz e 3680MHz”, diz o sindicado das operadoras de satélite.

Aponta ainda que as interferências tendem a piorar conforme o 5G se popularizar. Com isso, diz que é precipitado já destinar espectro adicional para redes móveis sem nenhuma banda de guarda. “Solicitamos, portanto, que seja estabelecida uma banda de guarda de 4.800 a 4.840 MHz, conforme proposto na Consulta Pública nº 23 de 2021”.

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Rafael Bucco

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