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Motorola Solutions volta a crescer e vê oportunidade na rede privativa do governo

Com retração da pandemia, estados voltam a investir em rádios e digitalização das forças de segurança, levando a Motorola Solutions a ano de recordes de faturamento local, após um 2020 fraco.

O ano de 2020 não foi fácil, que o diga a Motorola Solutions. Empresa especializada no fornecimento de equipamentos para redes privadas de comunicação, viu contratos com entes públicos ficarem congelados, enquanto o atendimento a empresas também esfriou. Diante da pandemia de Covid-19 que se alastrava pelo mundo, os projetos de redes privadas de comunicação ficaram em segundo plano. A prioridade, em 2020, foi destinar recursos para a saúde e para o trabalho remoto.

Este cenário levou à retração de receitas da empresa no mercado brasileiro. Mas já ficou no passado, garante o presidente da empresa no país, Elton Borgonovo. Segundo ele, até outubro, a Motorola Solutions já tinha faturado mais do que em 2020 inteiro.

“O cenário de retração em 2020 não foi uma realidade só pra Motorola Solutions. Foi um ano de retração no mercado em geral. Já 2021, está sendo bastante forte para nós, com trimestres recordes. Estamos no caminho para ter o melhor ano da nossa operação no Brasil”, comemora.

Por trás da retomada surgiu a necessidade de transformação digital das empresas e do setor público. Neste ano, todos os estados do Sul do Brasil contrataram a Motorola Solutions para melhor equipar suas polícias. A região, uma das mais atrasadas em termos de uso de tecnologia em rádios digitais e sistemas de segurança pública, começou a se atualizar.

“Isso trouxe um bom crescimento. E não só a área de segurança, também tivemos pedidos de Petrobras, Exército, de aeroportos, do Metrô de São Paulo, que retomou o investimento em um projeto que estava há anos em desenvolvimento”, conta Borgonovo.

Conforme o resultado do terceiro trimestre, a empresa cresceu 22% no mundo em relação ao mesmo período de 2020. No Brasil, garante o executivo, a expansão foi superior, mesmo se registrado em dólares. Somente com a digitalização das políticas a empresa deve faturar mais de R$ 100 milhões. Contratos antigos, como em Minas Gerais e Espírito Santo, receberam aditivos e prosseguem neste ano, por exemplo.

Para os estados do Sul, a Motorola Solutions tem vendido rádios digitais e câmeras. A empresa lançou recentemente o Motorola Cop, um veículo que carrega uma central móvel com equipamentos e sistema de inteligência. Lançou três rádios (APX Next, NXP 600 e Mototurbo), todos em versões P25, Tetra ou DMR (os padrões tecnológicos dos rádios de comunicação), todos com sistema Android.

A fabricante parou de fazer seus produtos no Brasil, com o fechamento da fábrica da Samina, terceirizada contratada localmente para fazer os rádios. Mas isso não impediu a importação dos produtos, nem afeta a aposta da Motorola Solutions no software. A companhia quer vender mais programas com inteligência artificial feitos para identificar imagens, placas, pessoas.

Leilão 5G abre janela de oportunidade

Embora não trabalhe com equipamentos para redes de telecomunicações próprios, Borgonovo diz que há uma grande oportunidade chegando com o leilão do 5G para a Motorola Solutions. “Estamos nos posicionando para participar da construção da rede móvel privativa do governo no Distrito Federal. E temos a oportunidade entrar na parte de software para a rede fixa”, diz.

Após o leilão 5G, marcado para quinta-feira, 4, as compradoras de frequência deverão construir uma rede para o governos federal. A rede será móvel no Distrito Federal, em 4G, operando em 700 MHz. No resto do país, será de fibra óptica, conectando órgãos públicos nas captais.

“Nosso objetivo não está na rede de acesso, mas nas soluções que vão rodar nessa rede. Temos o core de rede, mas não radiobase, que utilizamos dos fabricantes tradicionais. Temos oportunidade de entrar na parte de software para a rede fixa”, elenca.

A Motorola Solutions também aposta na contratação de sistemas que permitam a intercomunicação entre as forças de segurança federais e estaduais. “O LTE pode ser a camada para prover a integração entre as redes de segurança, que hoje é uma colcha de retalhos”, diz. Oportunidade esta que viria da rede privativa nacional.

Na frente privada, Borgonovo enxerga aumento da demanda por redes móveis privadas de indústrias e setor corporativo, assim como de mecanismos que permitam a integração do 5G com redes legadas.

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