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Modelo de negócios de redes neutras será crítico para garantir expansão 5G

Empresas como Wirelink já estão preparadas para a disputa desse segmento, enquanto outras como Fibrasil aperfeiçoam sua estratégia para chegar a 5,5 milhões de residências em quatro anos
Adriano Marques | CEO da Wirelink – INOVAtic 2021

Ainda há vários pontos que podem determinar o papel das redes neutras  e o que elas representarão no futuro, com a chegada da tecnologia 5G. Trata-se de um mercado novo mas que na forma na qual se propõe a atuar já causa uma reestruturação importante no mercado de atacado. E os modelos de negócios em discussão são os impactos que essas redes provocarão na expansão da capilaridade da cobertura móvel e de banda larga no país.

“As redes neutras vão revolucionar o mercado de atacado no país”, reforça Francisco Sant´Anna, líder global de Marketing para o Segmento Provadores da Ciena. Ele lembra que os motivadores para a criação de redes neutras no Brasil diferem de outras regiões, como o Reino Unido que com orientação da Ofcom permitiu ao Estado construir uma rede neutra. No país, na sua avaliação, é o mercado que está à frente desse movimento e, conforme a maturidade que for obtendo, poderá tornar o Brasil uma referência internacional.

O mergulho no tema rede neutra não é uma novidade para Marcelo Abdo, diretor de Estratégia da Vivo. Afinal, ele participou ativamente dos estudos que levaram a operadora a criar a Fibrasil. Empresa do grupo dedicada à construção de rede de acesso via fibra óptica em todo o país. A meta da subsidiária é atingir 5,5 milhões de residências em quatro anos, com foco em médias cidades fora do estado de São Paulo.

A Fibrasil passa ainda a ser responsável por 1,6 milhão de casas com acesso FTTH que eram controladas pela operadora. Nesse projeto, o grupo espanhol tem a seu lado o CDPQ (Caisse de Depot et Placement Du Quebec), que adquiriu  50% do capital da subisidiária por R$ 1,8 bilhão.

Segundo o executivo, a proposta da Fibrasil é levar de uma forma mais rápida a possibilidade de seus futuros clientes expandirem sua cobertura com fibra óptica. E que, além disso, ainda traz vantagens uma vez que a maior parte dos investimentos caberá à fornecedora de redes neutras e não ao provedor regional.

O modelo de negócios baseado em aluguel para utilização da infraestrutura, na sua opinião, vai ajudar a acelerar o mercado de uma forma geral. E Abdo enxerga ainda um benefício adicional para a sociedade, já que serão evitadas as sobreposições de redes e, dessa forma, os recursos poderão ser destinados a outras atividades de interesse mais direto do consumidor.

O diretor da Vivo diz que todo o plano de negócios da Fibrasil prevê crescimento orgânico sem depender de ações inorgânicas, como fusões e aquisições. Mas isso não significa que essa possibilidade esteja totalmente fora do radar. “Apesar de não ser necessário para garantir nossas metas, o inorgânico também é visto como uma oportunidade para garantir mais crescimento”, sinalizou.

A Wirelink também está na disputa para se tornar uma das maiores ofertas de rede neutra. “Esse  mercado está bem aquecido mesmo com a pandemia”, observou Adriano Marques, CEO da empresa. Ele lembrou que a companhia criou uma rede neutra moderna com pelo menos 37 quilômetros de infraestrutura em DWDM que já testou a capacidade de 400 MHz, e em Fortaleza conta com a oferta de 600 MHz.

A operadora está investindo cerca de R$ 100 milhões para reforçar sua rede,

Francisco Sant’Anna | Lider Global de Marketing para o Segmento de Provedores da Ciena – INOVAtic 2021

sobretudo no Sudeste e Centro-Oeste. No ano passado, a empresa cresceu 50% em extensão mas ampliou mais de 100 % o seu tráfego. Uma de suas preocupações é com o número de inquilinos que irão trafegar em sua rede em condições ideais. No modelo desenvolvido pela Wirelink, não serão mais do que quatro ISPs, mas Marques ressalta que, se algum deles não estiver cumprindo metas de crescimento, poderá ser substituído por outro que traga maior volume de tráfego.

Luiz Spera, gerente do mercado de Estratégia em Telecom do CPQD, defende a existência de um marketplace que possa acompanhar essa troca constante de oferta e demanda entre os fornecedores de redes neutras e os provedores que precisam da infraestrutura. Ele também acredita que o uso de blockchain nessa área poderá trazer benefícios para todos os participantes.

5G

Mas algo que poderá causar grande impacto sobre este mercado, inclusive alterando estruturas de rede, será a chegada da tecnologia 5G que, na avaliação dos quatro participantes do painel “Diferencial das redes neutras de todos os formatos” do Inovatic 2021, promoverá um importante upgrade na infraestrutura.

Sant´Anna lembra que 85% dos investimentos em poucos anos será na plataforma 5G. Essa é uma grande oportunidade para as redes neutras, inicialmente em bakchaul mas também passando a atuar em middlehaul e fronthaul.

O Inovatic 2021 é realizado pelo Telsíntese e se estende até sexta-feira, dia 11.

 

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