MCTIC confirma conversor de TV interativo e vai arbitrar nova disputa entre teles e radiodifusão

Saiu hoje, 29, a portaria de Gilberto Kassab que define que o conversor da TV digital deverá ser distribuído para todos do Bolsa Família e do Cadastro Único terá que vir com interatividade, ou com o Ginga. Agora, teles e radiodifusores não se entendem sobre a cobertura dos sinais digitais no Distrito Federal. Governo terá que arbitrar os critérios. Data para o desligamento da TV analógica está marcada para 26 de outubro.

tv-digital-torre-antena936x600 transmissão predioPortaria do ministro Gilberto Kassab publicada hoje, 29, confirmou a decisão comunicada aos integrantes do Gired (grupo que conduz a transição da TV digital) há alguns dias, de que o conversor da TV digital financiado pelas operadoras de celular não poderia ser o zapper, (só com capacidade para receber os sinais de TV) devendo ter também a  capacidade de promover a interatividade, ou seja ter o middleware nacional, o Ginga. Além disso, será distribuído indistintamente para o público do Bolsa Família e para os listados no Cadastro Único ( o que multiplica por três os beneficiários), o que também não estava previsto em política anterior.

Mas o Ginga que virá nessas novas caixinhas não será aquele capaz de trazer a interatividade plena, pois tem característica  simples, classificado como Ginga NCL, mais barato para conseguir se encaixar no orçamento disponível da EAD, empresa encarregada de fazer a encomenda e a compra dos conversores da TV analógica para a digital.

Essa caixinha não virá com porta HDMI, o que significa que não terá capacidade de receber alta resolução, mas terá porta USB, para acesso à internet pela rede celular, se as operadoras quiserem vender pacotes mais baratos.

A portaria faz também alguns pequenos ajustes na lista de cidades que terão os canais analógicos desligados e o cronograma até 2023. Elas não chegam a mil. As demais, ou não precisarão ser desligadas ou serão depois dessa data.

Disputa

Se essa decisão não agradou nem às teles nem aos radiodifusores, que já tinham acordado entre si que seria melhor distribuir o conversor sem qualquer interatividade para todos do Cadastro Único, decisão que agora foi derrubada por Kassab, os dois grupos passam a se desentender pela cobertura do sinal digital e o consequente desligamento da TV analógica, no Distrito Federal, decisão que deverá ser arbitrada pelo ministério nessa próxima sexta-feira.

Tudo porque a pesquisa do Ibope considerou que todas as TVs de tela fina, em Brasília foram consideradas digitais, critério questionado pelos radiodifusores que alegam que pelo menos 30% as TVs de tela fina foram feitas ainda sem o conversor digital embutido. Mesmo que muitas dessas TVs tenham acesso às assinaturas de TV paga (aí sim, todas digitais) as emissoras  não concordaram que no DF já tenha se alcançado 74% de cobertura digital, conforme apontou a última pesquisa. O Gired refez o critério e reduziu a conta para 72%, mas radiodifusão resolveu endurecer e bater firme contra o resultado. E também incluiu novos questionamentos sobre as antenas, o que diminuiria a base da cobertura no DF para 66%, o que fez com que as operadoras de celular também fincassem posição pela pesquisa inicial.

Agora, só o MCTIC poderá arbitrar, afinal qual o critério será utilizado e qual é a cobertura que se chegou até agora. Tudo isso porque só se desliga da TV analógica quando 93% dos lares já tiverem capacidade de receber a TV digital. A data para o desligamento está marcada para 26 de outubro.  A reunião do Gired  está prevista para essa sexta-feira.

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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