Márcio Martin: Os avanços da era digital viabilizados pelas TICs

Executivo Marcio Martin, da green4T repensa as transformações recentes pelas quais passa o setor de TICs no Brasil e no mundo

*Por Márcio Martin

A transformação digital do setor de telecomunicações tem provocado a reinvenção do segmento, que passa a buscar novas fronteiras de atuação e parcerias estratégicas com players de outra indústria: a de tecnologia da informação.

Para tornar redes elementares de comunicação em ecossistemas digitais, autônomos e virtualizados, as telecoms necessitam do suporte essencial das empresas de TI. Assim ocorre também para a elevação dos níveis de segurança dos usuários de telefonia e internet, para a captação e processamento de dados em hiperescala, a gestão de cadeias cada vez maiores e complexas de fornecedores de uma empresa, entre outras finalidades.

Sobretudo, a TI tem sido fundamental para o desenvolvimento e consolidação das redes de 5G pelo mundo afora. Para criar o ambiente tecnológico ideal, o setor de telecom tem investido pesadamente na modernização e adaptação de sua infraestrutura física e digital.

De acordo com a Dell´Oro, em 2021, os investimentos globais em capex atingiram US$ 100 bilhões. O volume é 7% acima do verificado no ano anterior. Já no Brasil, o relatório da Conexis mostra que os investimentos do setor somaram cerca de US$ 7 bilhões – alta de 9,9%.

Aceleração com o 5G

No documento Mobile Economy Report 2022, emitido anualmente pela GSMA, a expectativa é de que o número de dispositivos conectados à rede 5G no mundo alcance um volume total de 1 bilhão ainda neste ano.

Embora distante de sua consolidação a nível global, a nova tecnologia de banda larga deve gerar inúmeras oportunidades de negócios para os setores de tecnologia, TI e telecomunicações. Contudo, para que ecossistemas inteligentes obtenham a máxima performance, seja na indústria 4.0 ou na agricultura de precisão, é necessário dar maior robustez e velocidade à implementação do 5G em todo o mundo.

Tendências globais

A necessidade de agregar valor a um tipo de atividade econômica cada vez mais commoditizada tem encorajado os executivos das companhias de telecomunicações a buscar alternativas adjacentes ao core business.

Uma área que tem chamado a atenção dos players do setor é a criação de redes privadas de conectividade com tecnologia 5G, edge computing e aplicativos orientados por inteligência artificial para atender a grandes complexos industriais, parques logísticos ou gigantes do agronegócio.

Investidas em market places ou plataformas digitais de suporte ao negócio também têm surgido no portfólio das companhias. O crescimento exponencial na geração de dados tem levado algumas empresas a buscar parceiros de tecnologia para desenvolver serviços de data analytics para gerar percepções de negócios a partir do aproveitamento do big data coletado nas interações com a base de clientes.

Neste recorte, cabe observar o papel relevante da TI na estruturação de plataformas multicanal, que coloque o cliente final no centro do modelo de negócio, bem como na criação de uma nova cultura organizacional mais digitalizada dentro das empresas. Capturar valor além da conectividade é, portanto, uma busca que deve incluir cada vez mais as empresas de TI nas estratégias das companhias do setor.

Aqui há um ponto de intersecção interessante no âmbito da infraestrutura de rede necessária para a expansão do 5G. Como o espectro de onda da nova banda larga a torna menos resiliente a barreiras físicas, como edifícios, praças com vegetação densa e montanhas, será necessário criar um ambiente de processamento distribuído que trate localmente os dados emitidos via 5G.

De uma só vez, essa estratégia reduz a necessidade de longas linhas de transmissão – seja até o data center central ou à nuvem –, garante maior segurança às informações e confere a velocidade esperada na comunicação digital dentro da nova tecnologia. Todas estas vantagens só podem ser obtidas com a computação de borda, onde racks de processamento ficam posicionados próximos às fontes geradoras de dados – ou em antenas da rede 5G –, realizando o trabalho com mais eficiência e agilidade.

Por sua capacidade de impulsionar a nova banda de internet rápida, o edge computing é destacado pela McKinsey como uma das tecnologias que deverão remodelar mercados e indústrias nas próximas décadas. Assim, companhias de IT services que estejam aptas a dar suporte e prover soluções tecnológicas aos novos desafios impostos às empresas de telecomunicações, se tornam essenciais para a construção de um futuro mais próspero para o setor.

Em uma sociedade hiperconectada e diante de um mercado altamente competitivo, é preciso oferecer mais e melhores serviços aos clientes. Na era digital, muitas vezes o sucesso e o fracasso dos negócios estão distantes por uma fração de segundo: vence quem responder mais rápido às demandas da vida moderna.

*Por Márcio Martin, Vice-Presidente Comercial, Soluções e Marketing para América Latina da green4T

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