Leilão bilionário de torres fixas da Oi tem mais dois interessados

Leilão tem proposta de até R$ 1,7 bilhão da Highline como referência, mas Grupo IHS e American Tower habilitaram-se para acessar o data room criado pela Oi sobre os ativos à venda e disputá-los.

Crédito: Freepik

 

Além da Highline, mais duas empresas se apresentaram à Oi como interessadas no leilão judicial das torres fixas da concessionária após a decisão do juiz da recuperação judicial, Fernando Viana, agendar o certame para 22 de agosto. Serão vendidos 8 mil sites. O prazo para novos pretendentes se manifestarem acabou.

As duas interessadas são IHS, grupo de infraestrutura fundado na Nigéria e que hoje tem presença em 11 países. No Brasil é sócio da I-Systems, operadora de rede óptica neutra fundada a partir de ativos da TIM Live – a TIM, inclusive, é sócia da I-Systems e cliente âncora da empresa.

E American Tower (ATC), grupo norte-americano que é o maior detentor de infraestrutura passiva do Brasil. A ATC é grande fornecedora torres para a Oi e demais operadoras. Em 2021, comprou as torres móveis que pertenciam à Telxius, spinoff de infraestrutura passiva do Grupo Telefónica. No balanço do segundo trimestre deste ano, a ATC informou receitas de cerca de US$ 24 milhões no Brasil.

Tanto ATC, quanto IHS se habilitaram como competidoras pelos ativos. Pediram acesso ao data room montado pela Oi para informar aos interessados sobre as especificidades do negócio de torres da rede fixa.

A partir desse momento, as interessadas poderão decidir se vão de fato formular uma proposta competitiva pelo ativo. Elas têm até 12h de 22 de agosto para entregar os envelopes com as propostas, que serão abertos às 15h do mesmo dia. Em resumo, a habilitação não obriga as empresas habilitadas a fazer uma oferta.

O resultado do leilão das torres fixas da Oi será homologado pela Justiça, uma vez que a empresa passa por recuperação judicial. Depois, deverá passar pelo crivo de Anatel e Cade. Neste último, diante do tamanho da ATC, é possível que uma proposta vinda do grupo norte-americano encontre mais obstáculos à liberação do que as dos concorrentes menores IHS e Highline.

A Highline, vale lembrar, foi quem chamou a atenção do mercado para os ativos fixos da Oi. Sua proposta se tornou a referência para o leilão. IHS e ATC, caso apresentem lances, deverão trazer algo superior para vencer a disputa.

A proposta da Highline prevê pagamento de R$ 1,08 bilhão à Oi após a conclusão da venda. A Oi se tornará locatária dos ativos vendidos, parte dos quais são utilizados para prestação de serviços fixos em área de concessão. A partir de 2026, a compradora vai pagar uma parcela adicional pelos ativos, dependendo da quantidade de torres que continuará a deter, de até R$ 609 milhões.

A regra é necessária pois a Oi é uma concessão e negocia com a Anatel neste momento se vai ou não migrar para o regime privado de prestação de serviço antes do contrato em 2025 ou se entrega a concessão ao final do contrato – neste caso, há ativos considerados bens reversíveis e que seriam devolvidos à União.

A venda trará alívio ao caixa da Oi, que voltou a apresentar prejuízo no segundo trimestre, mesmo após receber parte dos pagamentos pelas vendas do controle da V.tal e da unidade móvel. Uma das ressalvas feitas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro para que a tele saia da recuperação judicial é a comprovação de que terá condições financeiras de pagar credores pelos próximos três anos.

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Rafael Bucco

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