Juscelino sai de reunião com Lula seguro de sua permanência: ‘Esclareci as acusações’

Presidente da República se encontrou com chefe das Comunicações para debater suspeitas de uso indevido de dinheiro público; político será mantido, apesar de polêmica.
Juscelino Filho, ministro das Comunicações
Juscelino Filho, que hoje participou de reunião com Lula (Foto: Cléverson Oliveira/Mcom)

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, afirmou no final da tarde desta segunda-feira, 6, que teve uma “reunião muito positiva” com o presidente Lula. “Esclareci as acusações infundadas feitas contra mim”, disse Juscelino no Twitter.

O encontro ocorreu em meio à repercussão de suspeitas sobre o uso indevido do dinheiro público por parte de Juscelino, o gerou divergências entre lideranças do União e do PT sobre sua permanência no cargo (saiba mais abaixo).

A reunião, às 16h desta segunda, durou, aproximadamente, uma hora. Segundo Juscelino, foi possível, inclusive, falar das principais pautas do ministério, como 5G e inclusão digital, e sair com a expectativa de inaugurar a infovia 01, na região Norte do país, ao lado de Lula.

Polêmica

A conduta de Juscelino vem sendo questionada principalmente desde a última semana, após o jornal O Estado de S.Paulo apurar que ele fez uma viagem a São Paulo usando voo da Força Aérea Brasileira (FAB) e ter recebido diárias pagas com dinheiro público para participar de um evento de vaqueiros. Devido ao caso, o ministro da Defesa, José Múcio, também se reuniu com Lula nesta segunda.

A reportagem, publicada na última segunda-feira, 27, apurou que Juscelino Filho viajou de Brasília a São Paulo, entre 26 e 30 de janeiro, com avião da FAB e diárias bancadas com dinheiro público, para participar de leilões de cavalos de raça.

Ainda segundo a matéria, o ministro afirmou ser uma viagem de “urgência” para justificar o uso do serviço público. Entretanto, os compromissos oficiais somaram apenas duas horas e meia. No tempo restante, Juscelino “assessorou compradores de animais, recebeu prêmio de vaqueiros e inaugurou praça em homenagem a um cavalo de seu sócio”.

A apuração aponta, e o Ministério das Comunicações (MCom) confirma, que houve quatro diárias e meia custeadas com dinheiro público, que somam R$ 3 mil, incluindo o fim de semana, em que não há compromissos oficiais registrados. Em nota, a pasta afirmou que houve um “equívoco” e o valor já foi devolvido.

Desde que o caso se tornou público, deputados de oposição registraram um conjunto de requerimentos pedindo explicações ao ministro. O que pressionou uma resposta do MCom e do Planalto.

Cota do União Brasil

A nomeação de Juscelino faz parte de acordo entre o União Brasil e o novo governo por apoio nas votações no Congresso. A incerteza sobre a manutenção dele no cargo, a princípio, abala o acordo.

Neste domingo, 5, véspera do encontro entre Juscelino e Lula, as lideranças do União divulgaram nota de repúdio em nome de toda bancada, criticando uma fala da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que defendeu o afastamento do ministro.

A declaração de Gleisi foi publicada pelo Metrópoles na última sexta-feira, 3, ao ser questionada pelo portal sobre a situação de Juscelino após as suspeitas. “Acho que o ministro devia pedir um afastamento para poder explicar, justificar, se for justificável o que ele fez. Isso impede o constrangimento de parte a parte”, disse Hoffmann.

Em resposta, a bancada do União atacou o histórico do PT e destacou prezar pelo “direito de defesa” e pela “presunção da inocência”.

“Lamentamos que Gleisi utilize dois pesos e duas medidas para tratar de assuntos inerentes à vida pública. Quando atitudes dos seus aliados são contestadas – e não faltaram acusações a membros do PT a história recente do país” – a parlamentar prega o direito de defesa. Quando a situação se inverte, prefere fazer pré-julgamentos”, consta na nota.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura dos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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