Inteligência artificial será essencial para gerenciamento de constelações LEO

As diversas inicitativas nessa área chamam a atenção de tradicionais players e órgãos reguladores.

As constelações de satélites de baixa órbita (LEO) ganham novos planos de negócios e vêm sendo analisadas com atenção por praticamente todos os players do mercado satelital. Apesar de ainda pairarem algumas indefinições, há pelo menos alguns consensos. Entre eles o de que se trata de uma plataforma que deve causar rupturas no marco regulatório e ainda o de que os sistemas de gerenciamento e monitoramento só terão sucesso se forem inseridas plataformas de IA (Inteligência Artificial) para garantir a segurança e a eficiência de centenas de pequenos satélites que irão compor redes de comunicação nos céus.

Antes mesmo de se consolidar como um mercado de massa, as constelações LEO já afetam os tradicionais players e pelas suas características — operação com custo bem menor do que os existentes e que pode oferecer serviços de banda larga de baixa latência — atraem cada vez mais interessados. Entre as novidades mais recentes esteve o anúncio da Amazon de lançar uma constelação de baixa órbita de 3236 satélites assim como o Space X com mais 12 mil satélites, ONeweb com 650 e até projetos em andamento no Facebook para aderir a esse mercado.

Soma-se a isso projeto da Telesat, com uma constelação de cerca de 300 satélites, a SES, que opera via O3B e a Eutelsat,  que promete uma constelação voltada para IoT. Mas há ainda muito mais gente analisando esse mercado.

“Estamos analisando como isso se desenvolverá no mercado de satélites. Mas de cara já podemos dizer que isso traz muitos  desdobramentos — entre os quais a possibilidade de serviços mais baratos —  que já causam impacto”, observou Lincoln Oliveira, diretor geral da Embratel Star One.  Mas, para ele, a multiplicidade de iniciativas vai exigir o uso de plataformas de inteligência artificial para garantir a segurança e a eficiência de todo o sistema. “São milhares de satélites que precisam ser coordenados para que não se perca o controle”,  disse.

“É bom lembrar que não estamos falando apenas de constelaçôes para telecomunicações, há iniciativas em vários outros setores que estão em andamento”, ressaltou Luiz Perrone, da Telecom Consultant e que hoje mediou um debate sobre o assunto durante o Futurecom. Ele ressaltou que, por enquanto, o Brasil tem acesso a todas as iniciativas de constelações de baixa órbita globais. Mas é preciso que o país acompanhe e participe das discussões sobre o futuro desse mercado para não vir a ser prejudicado.

Fabio Alencar, responsável pelo desenvolvimento corporativo da SES para América Latina concorda que o próximo passo deve envolver o surgimento de redes inteligentes que tenham capacidade de reconfiguração dos satélites, caso necessário. Mas ele tem outras dúvidas que envolvem a questão regulatória, como,por exemplo, como se desenvolverá quando o operador licenciar a capacidade satelital. “Ele será dono de uma frequência ou de uma órbita”?, questionou.

As questões regulatórias que envolvem ou envolverão as constelações de baixa órbita começam a ser discutidas pela Anatel, como assegurou Alex Pires de Azevedo, especialista em regulação da agência. Ele informou que, em breve, será lançado um manual dos nanosatélites para esclarecer dúvidas que vem sendo questionadas também no mundo acadêmico, como por parte do ITA e da UnB. E disse que esse tema deverá ser contemplado na consulta pública sobre revisão do modelo satelital que deverá ser lançada em 2021.

 

 

 

 

 

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Wanise Ferreira

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