Indústria quer faixa de 5G para redes próprias

As contribuições à consulta pública da Anatel afirmam que o uso da nova tecnologia não pode depender das redes públicas de celular.

Entidades empresariais defendem o licenciamento de redes privadas no edital do leilão da 5G em  frequências para o uso da nova tecnologia, inclusiva na principal delas, a 3,5GHz. Contribuições à consulta pública da licitação justificam que essa medida permitirá a digitalização das operações de  empresas de segmentos da indústria, do agronegócio e da infraestrutura.

Uma das principais organizações empresariais do país,  a Confederação Nacional da Indústria (CNI), recomenda, por exemplo, que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) “garanta o uso efetivo do espectro alocado para as redes 5G privadas”. Paras tanto, segundo a entidade, o órgão regulador deve criar mecanismos técnicos para limpeza e coordenação do uso com as operadoras do serviços de telefonia móvel pessoal e do serviço de comunicação via satélite.

Aponta ainda a CNI que a faixa de 3,5GHz deve ser destinada para para aplicações industriais, do agronegócio e relacionadas à infraestrutura, citando as relacionadas ao fornecimento de energia elétrica. “Estas redes seguirão a regulamentação do serviço SLP (Serviço Limitado Privado) e serão utilizadas pelas empresas para digitalização de suas operações”, prevê. E destaca: ” A condição básica para requisição da licença deve ser que a empresa seja proprietária ou tenha o direito de uso da respectiva área”.

Adicionalmente à faixa de 3,5GHz, a CNI aponta a querer o licenciamento de redes industriais na faixa de 24,25-27,5GHz. “A banda de 26 GHz é necessária para certas aplicações da Indústria 4.0 que exigem altas taxas de transmissão e localização precisa. Exemplos são CoBots (Robôs Colaborativos) ou outras funções relevantes para a segurança na interação entre homem e máquina”, detalha a contribuição.

Indústria 4.0

O uso de redes 5G na indústria e outros setores produtivos não pode depender das redes públicas de celular, cujo modelo de negócios prioriza o mercado de consumo e smartphones, observa outra entidade de peso nacional, a Associação Brasileira da Industria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

“A aplicação do 5G pelos setores produtivos e de infraestrutura cria os empregos da chamada Economia Digital, permitindo o desenvolvimento de aplicações de Inteligência Artificial, especialmente para o Aprendizado de Máquina (Machine Learning)”, consta no documento.

Já o Instituto Brasileiro do Petróleo assinala que, no  caso específico das comunicações no ambiente offshore e onshore da indústria de Óleo e Gás (O&G), as bandas de frequência mais baixas, como 700 MHZ, são mais adequadas em termos de propagação paras coberturas de áreas extensas, bem como apresentam melhor penetração com menos perdas nas estruturas de aço das plataformas e nos ambientes metálicos das instalações de refinarias e armazéns.

“É importante frisar que a alocação da faixa pretendida ao SLP [Serviço Limitado Privado] não trará perdas para as operadoras do Serviço Móvel Pessoal (SMP)”, afirma o Instituto, esclarecendo que não é econômico a extensão de redes públicas  em plataformas de exploração e produção localizadas a quilômetros da costa.  “No caso de instalações industriais onshore, os elevados requisitos de desempenho requeridos e necessidade de gestão local para flexibilidade de configuração, novamente inibem o emprego de redes públicas de comunicações”, observa.

 

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Abnor Gondim

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