Indústria 4.0 terá reflexos nos data centers

O data center passará de área de apoio a espinha dorsal do processo produtivo nos próximos anos, com aumento da inteligência aliada aos negócios de expansão da internet das coisas industrial.

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Sob uma demada operacional crescente, a Indústria 4.0 começa a ganhar mais visibilidade e escala. Projetos de grandes corporações estão sendo direcionados para suas subsidiárias em todo o mundo e os reflexos dessa movimentação chegam ao ecossistema de TI que atende essas companhias.

Nesse cenário, os data centers vão acumular mais essas mudanças ao seu processo de evolução já em andamento. “A tendência é aumentar o número de recursos utilizados e o perfil de negócios”, comenta Mario Rachid, diretor executivo de soluções digitais da Embratel.

Para analistas, a chegada da Indústria 4.0 vai potencializar o uso de diversas plataformas para os quais os data centers já vem se preparando. “Não mais restrito ao departamento de TI no organograma da empresa, por necessidade o data center servirá como a espinha dorsal da produção industrial. Para os operadores do centro de dados isso apresenta oportunidades – e, com ela, enormes desafios”, alerta documento produzido pela canadense Root Data Center.

“O data center passará a ver as aplicações como um todo, o que inclui a sua conexão com áreas como de processos industriais e de negócios”, comentou Rachid. Para ele, esse novo escopo de atendimento será o grande impacto sobre os data centers. Isso vai implicar uma nova fase de serviços gerenciados no pacote de ofertas para os clientes, ressaltou.

Redes de dispositivos conectados

A Indústria 4.0 tem como um de seus pilares a Internet das Coisas Industrial, sob a sigla IoT. Para a Accenture, se trata de uma rede física de objetos, sistemas, plataformas e aplicações que contém tecnologia embarcada para comunicar e compartilhar inteligência uma com a outra, com o ambiente externo e com as pessoas. O que não é pouca coisa e vai exigir muito esforço de todos os envolvidos, inclusive os data centers.

Um relatório recente da National Instruments, que constrói equipamentos de teste automatizados e software de instrumentação virtual para a Internet Industrial, aponta para uma série de desafios-chaves que as organizações e os provedores de tecnologia devem enfrentar para colher quaisquer benefícios. Um deles, considerado um dos mais assustadores, é o desafio de construir redes para lidar com o fluxo de novos dispositivos conectados.

“Não é apenas o requisito de largura de banda que vai aumentar, mas a Internet Industrial vai exigir melhor latência e determinismo. Ao lidar com máquinas de precisão que podem falhar, se o tempo for desligado por um milésimo de segundo, serão necessários requisitos rigorosos a serem adotados nas companhias”, avalia o documento. Também a forma como as empresas projetam e aumentam seus sistemas industriais terá de mudar, diz a NI.

Para acompanhar todas essas mudanças no cenário industrial, os data centers irão se beneficiar de seus próprios processos de evolução tecnológica. “Toda a infraestrutura está evoluindo de uma forma natural em servidores, redes e storage”, comentou Rachid. A própria Embratel, por exemplo, já testa as redes SDN (Software Defined Network) com as quais seus centros de dados deverão ganhar mais rapidez, flexibilidade e um sistema mais confiável para seus backbones. Outros data centers também apostam nessa plataforma, assim como a NFV (Network Function Virtualization).

A demanda pela Indústria 4.0 já começa a ser notada no Brasil. A Gerdau anunciou recentemente que está implementando o projeto Usina Digital, pelo qual vai avaliar as operações das usinas como uma forma de encontrar soluções tecnológicas que contribuam para aumentar sua competitividade, e garantir redução de custos e ganho de eficiência. Esse processo conecta várias plataformas, como as móveis, aplicativos e até drones.

Segundo Rachid, a Embratel já tem recebido demanda de seus clientes para atender esse processo evolutivo da indústria. Tanto que a operadora já tem um produto específico para a Indústria 4.0 que está em fase final de “encapsulamento” e deverá ser lançada no segundo semestre. Outras soluções deverão surgir ainda este ano além de projetos customizados.

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Wanise Ferreira

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