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Heluy: a hora de potencializar o poder de influência das organizações

A incorporação da agenda ESG pela iniciativa privada deve ir além de melhorias incrementais, pois elas não serão suficientes para atingir metas ousadas de desenvolvimento sustentável

Por Cristina Heluy*

Grandes crises trazem com elas grandes transformações – e todos nós, desde que começamos a enfrentar a pandemia da Covid-19, temos visto isso na prática. Mas, em meio a uma tragédia global de efeitos devastadores, muitas mudanças positivas também acabaram ganhando força e velocidade sem precedentes. Esse foi o caso da agenda ESG (sigla em inglês que se refere às práticas ambientais, sociais e de governança), que já vinha sendo impulsionada nos últimos anos, mas que cresceu exponencialmente em visibilidade e relevância no país a partir de março de 2020.

Tal ascensão veio como uma resposta natural às demandas crescentes da sociedade, que hoje espera que as empresas assumam compromissos relevantes e colaborem para endereçar os grandes desafios desta e das futuras gerações. Uma exigência que agora vem, inclusive, dos próprios colaboradores, que não querem mais atuar em companhias que não estejam alinhadas com um propósito maior – algo que não pode ser ignorado frente à concorrência acirrada para reter e atrair talentos. Soma-se a todo esse cenário, ainda, a pressão crescente de investidores, que compreenderam como as boas práticas em ESG estão diretamente ligadas a um desempenho econômico positivo e à diminuição de riscos, garantindo a perenidade dos negócios.

Como resultado desse movimento, temos observado um alinhamento cada vez maior entre sociedade, governos, entidades e empresas em torno dos avanços que precisamos na governança e nas ações de responsabilidade social e ambiental. Com todos na mesma página, a agenda ESG só se fortalece dentro das organizações e, assim, tem aumentado seu poder conjunto de atuação frente aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), metas globalmente traçadas até 2030 para confrontar questões críticas que não podem mais esperar, como o combate às mudanças climáticas e a erradicação da pobreza, por exemplo.

É indiscutível o papel fundamental que o setor privado já tem e ainda terá para alcançarmos esses objetivos. As organizações que demonstram compromisso com a transparência, a redução de seus impactos ambientais e a geração de valor nas comunidades onde atuam estão se tornando referência e isso aumenta o tamanho da nossa responsabilidade.

Com o crescimento dessa influência, fica maior a carga das organizações e elas precisam utilizar isso com sabedoria. É hora de potencializar esse poder das empresas para engajar e realizar as grandes mudanças. Afinal, melhorias incrementais não serão suficientes para atingirmos as metas ousadas e tão necessárias traçadas nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os desafios que temos pela frente são enormes e as soluções estão longe de serem claras, mas uma coisa é certa: elas não são individuais. Juntos somos melhores e, na busca pelo desenvolvimento sustentável, pensar em rede e unir diferentes atores é indispensável para ampliar resultados.

Precisamos de uma mudança drástica de rota – e o setor privado pode e deve ser um dos protagonistas desse movimento. Isso, porém, só será possível para as organizações que adotarem uma agenda estratégica consistente, de longo prazo, focada não somente em reduzir impactos, mas sim em gerar valor para todos. Usar a “voz” das organizações para mobilizar outras pessoas e empresas, capitalizar a influência para a direção positiva esperada pela agenda ESG está também em nossas mãos. O que faremos com isso?

*Cristiana Heluy é head de Comunicação e Sustentabilidade da Algar Telecom

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