Graças ao 5G, investimento em redes móveis privadas vai dobrar até 2023
Relatório da consultoria Juniper Research mostra que fabricantes de equipamentos de rede Ericsson e Nokia estão bem posicionados para abocanhar este mercado, no lugar das operadoras móveis tradicionais, uma vez que redes privativas são segregadas das redes públicas.

Um relatório da Juniper Research mostra que a 5G vai impulsionar o uso de redes privadas mundo afora. A projeção otimista da empresa é de que os gastos anuais em hardware e serviços de rede salte para US$ 12 bilhões globalmente até 2023, um crescimento de 116% em relação aos US$ 5,5 bilhões esperados para 2021.
Mais de 60% das estações radiobase utilizadas nessas implantações em 2023 terão tecnologia 5G. As empresas querem aproveitar recursos de latência ultrabaixa e as propriedades de propagação de sinal para instalar a rede em ambientes onde as redes convencionais, fixas ou de gerações anteriores, têm dificuldade em operar.
Os setores que vão investir mais pesado nas redes privadas serão manufatura, mineração e indústria de energia; representando, juntos, 59% dos gastos em 2023.
Fabricantes mais bem posicionados que operadoras
O relatório observa que, apesar de sua posição dominante nas redes celulares públicas, as operadoras tradicionais correm o risco de perder grande parte do mercado de rede privada.
A Juniper Research acredita que os fornecedores de redes de telecomunicações, como Ericsson e Nokia, estão em melhor posição para capitalizar em redes privadas ao oferecerem hardware e serviços de valor agregado diretamente para empresas que buscam utilizar redes privadas.
“Com as redes privadas frequentemente separadas das redes públicas, o papel das operadoras de redes móveis tradicionais pode ser mínimo, em muitos casos”, observa o autor da pesquisa, James Moar.
“Isso significa que os fornecedores de hardware e integradores de sistemas desempenharão papéis mais dominantes, com a estrutura regulatória certa”, complementa.
Desigualdade segue alocação de espectro
A pesquisa da Juniper também mostra que as implantações de rede privada são desiguais globalmente, com os maiores mercados sendo aqueles com alocação de espectro mais aberta ou flexível.
Alemanha e Estados Unidos estão entre os mais avançados nisso, oferecendo leasing localizado e disponibilidade geral de espectro. Como resultado, esses dois países serão responsáveis por 30% dos gastos da rede privada global em 2023, embora isso diminua à medida que outros países liberem espectro para o uso da rede privada.
No Brasil, as regras de uso de espectro por redes privadas foram aperfeiçoadas com a realização do leilão 5G, previsto para 4 de novembro. Além de autorizar o uso secundário de frequências, a Anatel reservou para essas redes 100 MHz dentro da faixa entre 3,7 e 3,8 GHz, que é ideal para ativação do 5G.